quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

La soledad en blanco y negro.


En el corto Fin, la directora Gabriela Marti explora la relación del tiempo, lo qué es el comienzo y lo que es el final. 

Grabado en blanco y negro y proyectado en camera revés, Fin enseña la relación de lo que se supone que sea una hija con su madre enferma. La ternura de la hija parece perderse en la mirada borrosa de su madre, y nada que hace cambia la realidad de que, al final del día, la madre se queda sola en su cama en el hospital.

Nadie dice palabra, lo único sonido es lo de la música instrumental. Tal silencio por parte de los personajes aliado al blanco y negro de las imágenes en la pantalla expresan la incapacidad de la madre debilitada por su enfermedad. O sufrimiento también se expone en su rostro, contrastando con la sonrisa de la hija.

La camera en revés enseña un ciclo, que comienza en el final y termina en el inicio. Él ciclo indica una rutina que si repite, comenzando y terminando siempre en el mismo sitio y la misma situación: la madre sola en su cuarto. 

Exercine internacional

2012 começou como um ano diferente para mim. No início de fevereiro comecei meu intercâmbio na Espanha,  vou estudar Audiovisual por um semestre na Universidade de Sevilla. 

Vivendo em uma cidade diferente, em um país diferente, é inevitável que alguns hábitos sejam modificados. Por exemplo, ainda não descobri direito onde ficam os cinemas, nem suas programações. É claro que o cinema comercial holywoodiano acabará chegando até mim, mas ficarei obviamente mais longe do cinema brasileiro e mais perto do cinema espanhol. Uma vantagem que já descobri é a videoteca da faculdade, em que os alunos podem alugar filmes gratuitamente, ou seja, a tendência do Exercine nesses primeiros seis meses de 2012 serão as revisões de filmes em DVD sobrepujando os lançamentos atuais das salas de cinema. 

Outra novidade: a partir de agora utilizarei o blog também para publicar meus textos da disciplina de Critica de Cine y Televisión, que comecei semana passada. Assim, textos em espanhol surgirão eventualmente. 

Estou começando este intercâmbio com as mais altas expectativas de melhorar e ampliar minha formação, o que pretendo fazer refletir no Exercine, transformando-o em um blog mais completo e abrangente na medida do possível. Para isso, críticas e sugestões são não somente aceitas como muito bem-vindas. 

Um herói de verdade.


Drive teve aprovação altíssima em Cannes, festival em que seu diretor, Nicolas Winding Refn, foi premiado. Sua estréia oficial foi em setembro de 2011, e agora chega às salas do Brasil.

Um garotão solitário e caladão, que trabalha em uma oficina, é dublê em filmes de ação e faz bico como motorista para criminosos. Esse é o personagem sem nome de Ryan Gosling em Drive. Com um visual anos 80 e um quê de Robert De Niro em Taxi Driver, o Motorista parece não esperar muito da vida, não demonstrando praticamente nenhuma emoção a não ser um ocasional minúsculo sorriso sem dentes a sua vizinha Irene (Carey Mulligan) e ao filho dela.

O Motorista: excelente atuação de Ryan Gosling.

Irene, contudo, consegue quebrar a barreira de silêncio e paciência comedida do rapaz, descobrindo seu lado mais amável. O modo como o diretor constrói o envolvimento dos dois é delicado e tocante. Sem beijos extravagantes e sem juras de amor, a conexão se constrói por meio da troca de olhares e sorrisos contidos. Quando o marido de Irene saí da prisão, contudo, um obstáculo surge entre os três, criado não pelo ciúme, mas pelo envolvimento com o crime.

Três aspectos fundamentais se destacam em Drive: a atuação de Ryan Gosling, o trabalho com a trilha sonora e, é claro, a direção. Como protagonista, Gosling compõe um personagem silencioso, que não tem medo de longas pausas e não economiza nos olhares significativos. Tudo isso perfeitamente equilibrado.

Tão famosa e aclamada no universo Cult quando o próprio filme, a trilha sonora entra em simbiose com o que se passa na tela. Contribuindo para destacar o clima anos 80, Nigthcall, por Kavinsky, traz ao filme um som eletrônico, mas calmo. Seguindo um estilo parecido, Real Hero, da banda College, propõe a frase que define o protagonista: “real human being and a real hero” (ser humano de verdade e herói de verdade). O Motorista, movido por paixões humanas, abre mão de sua própria segurança para salvar a quem ama. Mas vale o aviso para que ninguém se deixe enganar pela descrição que dei até agora: Drive, apesar de ser um filme sobre o amor, não é um filme de romance fofinho.

Ryan Gosling e Carrey Mulligan em cena. 

Por fim, a direção. Nicolas Winding Refn é o grande responsável por unir de forma tão bem-sucedida e harmoniosa os elementos que compõem o filme. Roteiro, atuação, trilha sonora, arte, tudo contribui para uma única atmosfera. A calma das cenas noturnas, enquanto dirige pelas ruas vazias da cidade, reflete a personalidade do Motorista. As luzes dos outros carros e dos postes passam por seu retrovisor embaçadas, desinteressantes. Nos dias em que está com Irene, porém, o sol brilha e o ambiente é iluminado por uma luz dourada. São esses jogos de iluminação que, aliados à atuação, revelam as emoções que os personagens não põem em palavras.

 Drive não é um filme de muitos diálogos. Apenas o essencial é dito, deixando para todos os outros elementos cinematográficos a tarefa de contar a história, e ao espectador a tarefa de desvendar os personagens. Isso sim é cinema. 

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Contos de fadas em alta no cinema.


Como se o lançamento de duas novas adaptações do clássico conto da Branca de Neve em um mesmo ano (Espelho,Espelho meu e Branca de Neve e o Caçador) não fossem suficientes, mais duas produções baseadas em clássicos infantis entraram no radar das especulações de produção.  

A Disney está em negociações para ter Saorise Ronan como protagonista de seu Order of the Seven, uma releitura de (adivinhem) Branca de Neve. A história, a princípio, trará Ronan como uma moça britânica vivendo na Hong Kong do século XIX, e que busca a proteção de sete guerreiros e os ajuda a retomar suas nobres origens. Ou seja, uma grande mistura de Branca de Neve e Os Sete Samurais, de Akira Kurosawa – e sabe-se lá mais do que.

Saorise Ronan, possível nova "Branca de Neve".

Estão também em negociações Guillermo Del Toro e Emma Watson. O diretor quer a ex-Hermione como protagonista de sua versão de A Bela e a Fera. Pouco se sabe sobre o projeto, mas a já notória habilidade de Del Toro em criar universos fantásticos, ao mesmo tempo aterrorizantes e encantadores, como em O Labirinto do Fauno, é suficiente para gerar expectativas positivas.

O motivo de tamanho interesse em material clássico para adaptações, contudo, permanece incerto. Falta de criatividade dos roteiristas? Nostalgia em relação à infância? É difícil dizer com certeza, mas a primeira opção me parece a mais provável, principalmente se levarmos em consideração a quantidade de sequências e refilmagens que vêm saindo e/ou sendo anunciadas nos últimos tempos. Transformers 4, Homem de Ferro 3, O Incrível Homem-Aranha, Homens de Preto 3... Por essa ótica, as revisões dos contos de fadas são apenas mais algumas maçãs do mesmo saco.


Emma Watson: possível nova "Bela". 

Apesar de tudo isso, estou torcendo por Del Toro. Do fundo do coração. 

sábado, 18 de fevereiro de 2012

O triunfo de George Clooney


Os Descendentes já está e cartaz nos cinemas brasileiros há um tempo, mas sua aclamação pela crítica norte-americana, seus Globos de Ouro (melhor filme de drama e melhor ator em filme de drama) e suas indicações ao Oscar (que somam 5) garantem-lhe um espaço prolongado na programação. Baseado no livro homônimo de Kaui Hart Hemmings, Os descendentes é dirigido por Alexander Paine (conhecido por Sideways e Confissões de Schmidt). Situado no Havaí, tanto enredo quanto fotografia e direção contrastam o paraíso das praias com a vida humana e suas doses de desespero e felicidade, encontrada sempre nos simples momentos de união.

Clooney como Matt King: a busca pelo ponto de equilíbrio.

Na trama, George Clooney é Matt King, e o sobrenome não vem à toa. Ele faz parte de uma família que herdou o maior terreno ainda virgem do Havaí, e é o responsável legal pela terra, ainda que a divida com um sem-número de primos. Apesar de ter herdado uma fortuna, Matt trabalha em um escritório modestamente decorado, provendo à sua família a partir do salário de advogado que recebe (que não parece pouco), sem utilizar seus milhões herdados com luxos, ou com qualquer coisa que seja.  Seu objetivo em ter uma vida modesta (mesmo morando em uma casa enorme com piscina e dirigindo um carrão) é o de educar as filhas para que façam algo da vida, missão em que falha visivelmente. Scottie (Amara Miller), a mais nova, é uma jovem bully que constrange a colegas de classe. A mais velha, Alexandra (Shailene Woodley), está internada em uma clínica de reabilitação para adolescentes, gentilmente chamada pela família de “escola”.


Quando Elizabeth (Patricia Hastie), esposa de Matt, sofre um acidente e entra em coma, é seu dever como pai se reconectar com suas filhas e dar-lhes a orientação necessária para lidar com este momento de dor.  Matt, porém, não sabe nem ao menos que dia o “cara da piscina” costuma aparecer para limpar a sua.

Se o fato de terem uma pessoa querida em coma não é suficiente para uni-los, a revelação de que Elizabeth estava tendo um caso extra-conjugal os une em torno do objetivo de descobrir quem era o amante e encontrá-lo. Um modo estranho de criar laços entre pais e filhos, sem dúvidas, mas na falta de outros pontos em comum, esta tábua de salvação é a única em que podem se agarrar todos ao mesmo tempo.

Matt (Clooney) e a filha Alexandra (Woodley): a busca pela união.
Apesar do drama que o filme retrata, são as situações cômicas (ou tentativas de) que se destacam, gerando quase um humor negro perverso, como na cena em que Elizabeth, já descarnada e à beira da morte, tem de “ouvir” o marido descarregar todas as suas frustrações e em seguida despedir-se terna e amorosamente.

Os Descendentes pode ser definido de muitas formas: um pai que tenta se reaproximar de suas filhas, ou um dono de terras diante de uma difícil decisão, mas o que chama a atenção é como a vida de uma pessoa tem muitas facetas, mistérios, e como alguém pode ser tanto odiado por seus deslizes quanto amado por seus momentos de grandeza.

 Os Descendentes pode não ser o favorito ao Oscar de melhor filme, mas tem grandes chances de ver George Clooney premiado como melhor ator. Ele está fantástico, compondo perfeitamente as inseguranças do personagem enquanto este busca reencontrar o ponto de equilíbrio de sua vida. 

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Um espião à moda antiga.


Baseado no romance homônimo de John Le Carré e dirigido pelo sueco Tomas Alfredson, Tinker Tailor Soldier Spy (que no Brasil virou Um espião que sabia demais) é um filme de espionagem como há muito não se via. Dispensando as cenas de ação, tiroteios e explosões, o diretor constrói uma atmosfera de suspense à moda antiga, em que cada silêncio e cada olhar valem mais do que mil balas.

No meio da guerra fria, o clima de tensão se intensifica entre ocidente e oriente. A espionagem e contra-espionagem são as principais armas dos Estados em oposição. George Smiley (Gary Oldman) é um dos principais integrantes do Circo, como o MI6 chama a cadeia de comando da inteligência britânica. Forçado a se aposentar juntamente com Control (John Hurl), o comandante geral, Smiley tenta seguir com sua vida. Control, contudo, é misteriosamente assassinado, e Smiley é chamado para investigar as suspeitas de seu antigo chefe de que haveria um agente duplo infiltrado no Circo.

Gary Oldman como o agente George Smiley
                                  
Alfredson acerta perfeitamente o tom da direção, harmonizando fotografia, direção de arte e direção de atores para criar o ambiente de suspense que o roteiro exige. Um aspecto interessante do roteiro, contudo, é a abordagem da vida pessoal dos espiões, sem perder tempo demais explicando contextos, mas também sem simplificar em excesso relações complexas de confiança, amor e traição. São situações que compõem os personagens e nos lembram que nenhum homem vive só para o dever, embora possa dedicar toda a sua vida a pô-lo em primeiro lugar.

Um Espião... desmitifica um pouco a figura do espião seguro de si, que vive uma vida glamorosa e sempre explode alguma coisa no final. Nesse filme, o espião é um homem que lê, escuta, pensa, tem medo e se arrisca, sim, mas dorme em um sofá puído com mais freqüência do que em uma cama king size de um hotel cinco estrelas. O espião é um homem que lida com sutilezas e desconfianças em um período de incertezas, e quando a investigação se torna em ralação a um dos seus, o trabalho apenas se complica. 


Para compor as nuances do filme, dois elementos foram essenciais: o elenco (aliado à direção de atores, é claro) e a montagem. O primeiro, com Gary Oldman liderando um time de grandes nomes, está afinadíssimo. John Hurl, Colin Firth, Mark Strong, Toby Jones, Benedict Cumberbatch, Tom Hardy, enfim, estão todos ótimos. A montagem, por sua vez, consegue transferir a atenção do espectador de um personagem ao outro, levando as suspeitas a mudarem de um a outro apenas por deixar o quadro em alguém por um frame ou dois a mais.

Alfredson mostra que a verdadeira espionagem é feita de sussurros e encontros secretos, e não de tiros e explosões.
                                        
O Oscar esse ano pode estar uma bagunça, mas acertou ao indicar Gary Oldman ao prêmio de melhor ator, além de nomear O Espião que sabia demais nas categorias de melhor roteiro adaptado e melhor trilha sonora. Faltou, é claro, reconhecer o trabalho da montagem e do diretor, Tomas Alfredson, que não ganharam indicações. Sem falar que O Espião... ficaria muito melhor na lista de melhores filmes do que, por exemplo, Cavalo de Guerra.

Estréia de Sete dias com Marilyn é adiada.



Péssima notícia aos que estavam ansiosos para ver Michelle Williams na pele da diva Marilyn Monroe. A estréia do filme nos cinemas nacionais foi transferida de 10 de fevereiro para 23 de março. Por sua performance, Michelle Williams venceu o Globo de Ouro, e recentemente foi indicada ao Oscar.

Apesar desse atraso, fevereiro chega repleto de grandes estréias, como A Dama de Ferro, Drive, entre outros.