sexta-feira, 23 de março de 2012

Sete dias com Marilyn.

Um dos maiores ícones do cinema mundial, Marilyn Monroe teve uma vida conturbada, digna de roteiro de cinema. Nascida Norma Jeane Mortensen, ela nunca conheceu seu pai biológico e teve de passar boa parte da infância vivendo em casas de parentes ou orfanatos devido aos problemas psicológicos de sua mãe. Descoberta por acaso por um fotógrafo,iniciou sua carreira de modelo e logo se tornou atriz. Após firmar-se como símbolo sexual, ela desejava explorar ao máximo seus talentos artísticos e consagrar-se como uma grande atriz. E é essa fase da vida de miss Monroe que vemos retratada em Sete dias com Marilyn, que estréia hoje no Brasil.


Narrado por Colin Clark (Eddie Redmayne), um empolgado iniciante na indústria cinematográfica, o filme não se propõe a ser uma cinebiografia completa, mas a contar um período específico da vida de seus personagens, o que é uma proposta bastante interessante.

Marilyn (Michelle Williams) chega a Londres para gravar The Prince and the Showgirl, e instantaneamente fascina a todos ao seu redor. A mulher mais famosa e desejada do mundo não pode por os pés para fora de casa sem ser imediatamente reconhecida e assediada. Em público, ela é a atriz bonita, irreverente e charmosa. Em sua intimidade, porém, é uma garota frágil e insegura, que sente falta de atenção, amor e carinho.

Michelle Williams como Marilyn: uma escolha bem-sucedida.

Fascinado por ela como qualquer simples mortal, Colin aproxima-se da musa, que passa a confiar nele e a desejar sua companhia. A verdadeira Marilyn Monroe se revela ao rapaz como uma espécie de donzela em perigo, deixando-o apaixonado. Marilyn é uma garota cheia de nuances, que Michelle Williams interpreta brilhantemente. Os problemas psicológicos da protagonista muitas vezes se confundem com os simples escândalos de uma garota mimada pela fama, mas Williams tem o mérito de não se perder em meio a essas contradições. Por seu trabalho, conquistou o Globo de Ouro e foi indicada ao Oscar.

Durante as gravações de The Prince and the Showgirl, Marilyn já estava em um estágio bastante avançado da dependência química e depressão que levariam a sua morte precoce em 1962. A versão oficial é a de overdose, mas alguns especulam que teria sido suicídio, outros, assassinato pela máfia. Teorias da conspiração à parte, vê-la de volta à vida pela arte de Michelle Williams é encantador e tocante, ainda que o filme como um todo não seja nada de extraordinário.


quarta-feira, 21 de março de 2012

Para Carlos Saura, nadie es inocente



Ana y los lobos, película de Carlos Saura, empieza con una mujer cargando su maleta por un campo abierto hacia una casa aislada. Se revela que ella se llama Ana, y viene a trabajar como nana. En la casa, vive la matriarca de la familia, una mujer que sufre de problemas para caminar y convulsiones, con sus tres hijos. José, el más grande, encara con seriedad su papel de jefe de la familia, demostrando ser un hombre demasiado controlador. Su hermano Juan tiene una esposa y tres niñas, que a Ana le toca cuidar. Por último, Fernando, un hombre callado, que prefiere la solitud y la meditación.

De pronto, Ana percibe que está en un sitio raro. José va a verla cuanto llega y no le permite privacidad para deshacer su maleta, mirando sus libros y su pasaporte lleno de carimbos. Juan le asedia sexualmente, primero enviándole cartas anónimas, después agarrándola. Fernando pinta las paredes de una cueva de blanco, para después vivir en ella como un ermitaño. La matriarca, aficionada por el pasado glorioso que tenía su casa, ve a sus hijos como se todavía fueran niños pequeños.

Ana habla con Fernando en la cueva.

Ana percibe que cada hermano quiere algo de ella para completar sus fantasías. Contrariando las expectativas del público, Ana no tiene miedo. Para descubrir que quiere cada uno, ella se acerca de ellos, instigando sus comportamientos más instintivos, pero construyendo también su propio destino.

Un día, las niñas encuentran su muñeca enterada en la lama, amarrada y con el pelo cortado. Ana se pone rabiosa y exige que José le diga quién ha hecho aquello. José le dije que fue obra de Fernando, pero le asegura que el hermano es inofensivo. Es el momento de la película en que Ana pierde su seguridad y se puede ver que tiene miedo, no por si, pero por las niñas.

En Ana, José busca una sirviente, y Juan, una amante. Los deseos de Fernando, sin embargo, se tardan más a revelar. Ana va a su cueva, aparentemente fascinada por su abnegación de los lujos materiales y su busca por santidad. Pero al final de una noche, descubre o que quiere Fernando: cortarle el pelo.

Ana si siente muy segura, a veces riéndose de lo que hacen los hermanos, y empieza a jugar con ellos. Pero al final, ellos se cansan de los juegos  y demuestran que son verdaderamente lobos.  La escena del ataque a Ana es muy fuerte, pues descarga toda la tensión acumulada a lo largo de la proyección. Los tres hermanos atacan juntos, realizando cada uno su fantasía. Ana se queda como la muñeca: sucia, con el pelo cortado y sin vida. Su rostro, paralizado por la muerte, se queda parecido con un rostro de plástico. Al final, era ella el juguete con que se divertían los lobos.

Ana con José. Ella provoca a los hermanos, sin desconfiar do que le puede pasar.

Carlos Saura equilibra os elementos de el guión y del encuadre de forma a generar al espectador la sensación de estar asistiendo a una obra surrealista. Particularmente en dos escenas: en una, se ve las niñas jugando, la matriarca siendo cargada de un lado a otro, sin rumo, por sus empleadas, en cuanto José, vestido en uniforme militar, monta en su caballo y Juan hace cosquillas en Ana, que se ríe escandalosamente. La cámara empieza la escena con encuadre en la matriarca, y termina en un gran plano general aéreo por sobre la casa. En otra, están Fernando y Ana en la cueva. Fernando explica a Ana lo que es necesario para alcanzar la santidad y la paz. En el auge de su fervor, el empieza a levitar.

El director provoca la sensación de extrañamiento en el público con las situaciones raras que presenta. El fato de que Ana no tiene miedo de lo que le puede pasar construye en el espectador la idea de que los hermanos son de facto más ridículos do que peligrosos, idea esta que es destruida en la escena final. La película provoca en el espectador muchas emociones distintas, que cambian del extrañamiento a la seguridad, del rechazo al miedo. No ha como sentir simpatía por ningún de los personajes, porque hasta mismo la seguridad de Ana viene de un sentimiento de superioridad sobre la gente de la casa, así su arrogancia é rechazada como son los defectos de los demás. Con esto, Carlos Saura nos acuerda de que la humanidad es llena de defectos e actitudes raras, y nadie es completamente bueno o inocente.




domingo, 4 de março de 2012

O Artista: A academia premia o cinema



 No último domingo, dia 26 de fevereiro, a entrega dos Oscars movimentou o universo do cinema como só ela é capaz. Sempre motivo de especulações e discussões pré e pós evento, as escolhas da Academia nunca são consenso.  O grande premiado da vez foi O Artista, que levou as estatuetas de melhor filme, diretor para Michel Hazanavicius, ator para Jean Dujardin, figurino e trilha sonora original. Além de todos esses Oscars, O Artista também conquistou o Bafta, o Globo de Ouro de melhor comédia e o Goya de melhor filme europeu. Desvendar o motivo de tamanho sucesso, contudo, passa pela história e pela alma do próprio cinema.

Durante a primeira meia hora de filme, principalmente na sequência de abertura, a sensação transmitida por O Artista é a de que se trata de um reboot mudo e muito pretensioso de Cantando na Chuva (1952). O artista sensação do momento, George Valentin (Dujardin), acaba de apresentar seu mais novo filme. Na saída, esbarra em uma fã, Peppy Miller (Bérénice Bejo), que acaba saindo nos jornais ao lado de seu grande ídolo.

Peppy Miller (Bérénice Bejo) conhece seu grande ídolo, George Valentin (Dujardin). 

Ao iniciar seu mais novo filme, Valentin é apresentado à mais nova tecnologia do cinema: o som direto. Cético, o ator se recusa a abraçar a novidade, convencido de que o público quer vê-lo, não ouvi-lo. Peppy, por sua vez, sobe passo a passo os degraus da fama, começando como figurante e chegando a nova queridinha de Hollywood justamente fazendo filmes com som direto, os famosos “talkies”. A situação se inverte: Peppy se transforma na estrela, enquanto Valentin perde tudo e é esquecido por produtores e público.


As semelhanças com Cantando na Chuva dão uma freada quando Valentin despenca rumo ao fundo do poço. Ele passa a beber constantemente e precisa penhorar seus ternos e leiloar suas antigas posses para sobreviver.  Seu chofer, Clifton (James Cromwell), contudo, segue fielmente a seu serviço ainda que o patrão não pague seu salário há mais de um ano, representando um dos muitos detalhes do filme que são fiéis a estética do cinema dos anos 20: o empregado leal e dedicado.

Valentin no fundo do poço: a teimosia e o orgulho no caminho da adaptação.

Apesar de seguir com bastante fidelidade a estética dos anos 20, Hazanavicius reserva algumas boas surpresas ao longo da projeção. Por exemplo, temos a excelente sequência em que o protagonista, preso entre sua dificuldade em aceitar a novidade do cinema falado e a sua constatação da realidade de que este suplantará o cinema mudo, escuta claramente todos os sons ao seu redor, mas é incapaz de articular uma palavra que seja.

A relação de oposição entre Valetin e o cinema falado se estabelece logo na cena de abertura, em que o ator interpreta um personagem que é torturado com descargas elétricas por homens que lhe pedem que “fale”, enquanto ele responde (por meio de cartelas) que “jamais falará”. Já perto do final, surgem na tela as mil bocas que tanto o atormentam, rindo e gritando para ele, mas em silêncio para o público.

A escolha de abordar uma temática de transição de tecnologias e de mudanças no fazer cinematográfico é simbólica. A tecnologia digital e o cinema em 3D são as transições que atualmente presenciamos, e as discussões em torno delas se intensificaram recentemente. Por enquanto, cineasta nenhum foi à falência por se recusar a aderir ao modelo digital, mas ninguém sabe ao certo quanto tempo a película ainda vai sobreviver. Muito defendida, em parte por defensores de sua suposta “melhor qualidade de imagem”, em parte por nostálgicos saudosistas, parece que ainda vai durar algum tempo. Ignorar completamente o novo por simples orgulho, como faz o personagem de Dujardin no filme, porém, não é saudável.

Além de uma temática perfeitamente alinhada com as discussões em pauta, O Artista cativa o público pela nostalgia que traz consigo e pela ousadia em apresentar um filme mudo mais de oitenta anos após o declínio desse gênero. Empolgada com esse contexto, principalmente com o quesito nostalgia, a Academia concedeu seus principais louvores a ele. Hazanavicius nos lembra que, por mais que o cinema mude, é sempre preciso olhar ao passado, à origem, porque o cinema pode mudar, mas nunca deixará de ser o que é. E foi esse gentil lembrete que o Oscar escolheu premiar. 

quinta-feira, 1 de março de 2012

HBO fará estréia simultânea de Game of Thrones.


Para a alegria dos fãs brasileiros, a HBO anunciou que fará uma estréia simultânea da segunda temporada de Game of Thrones no Brasil e Estados Unidos, dia 1 de Abril. Baseada na série literária As Crônicas de Gelo e Fogo (A Song of Ice and Fire), do escritor e roteirista americano George R. R. Martin, Game of Thrones conquistou milhares de fãs no mundo inteiro, tanto em sua versão literária quanto na televisiva. O capricho da produção da HBO contribuiu muito para esse sucesso. Já famosa por sua excelência em séries de época como Roma e Boardwalk Empire, ela mostrou que não poupa esforços para dar vida a magia do livro. Na segunda temporada, as tensões criadas na primeira se agravam. As intrigas e disputas pelo poder se tornam mais complexas e a guerra começa.

Poster da HBO para a segunda temporada de Game of Thrones


Interessante também, além da qualidade da produção, é a iniciativa da HBO. Em um ano que começou com grandes discussões sobre a difusão de conteúdo comercial pela internet, especialmente de forma ilegal - a famosa pirataria – ver um canal disposto a acelerar a distribuição de um de seus produtos é sempre animador.

Não é preciso que nenhuma pesquisa científica ateste o fato, basta conhecer os brasileiros para saber que certamente são uma das dez nações do mundo que mais consome pirataria online. E se manter em dia com suas séries de televisão favoritas é um dos principais motivos dos downloads ilegais, já que estas séries só costumam chegar à televisão do Brasil um mês ou mais após suas estreias oficiais americanas. Ainda não se atingiu um consenso acerca de como deve ser combatida a pirataria pela internet, mas um lançamento simultâneo, como propõe a HBO, certamente é uma boa opção.