quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Resident Evil 4: Recomeço



Tentei não deixar spoilers no texto, mas se você não gosta de saber de NADA antes de ver o filme, não leia.


Dando seqüência à saga cinematográfica inspirada no vídeo game, Resident Evil : Recomeço, revela um pouco mais sobre a história de Alice (Milla Jovovich) e seu confronto com a organização Umbrella. Dirigido por Paul W. S. Anderson, o filme pode ser visto nos cinemas nas versões 2D e 3D.

Optei pelo 2D. Logo no início, a cena em câmera lenta da chuva em Tóquio, com aqueles guarda-chuvas de cores variadas, mas ainda assim sombrias, e aquele travelling vertical mostrando a mulher de sapatos vermelhos e meia-calça canelada chamou minha atenção. Foi como se aqueles planos me alertassem para o fato de que esse Resident Evil seria diferente dos outros. Considerando que Anderson somente não dirigiu o terceiro filme, apesar de tê-lo escrito, pode-se ver que ele aprendeu muito bem a utilizar os efeitos especiais que não estavam à mão em 2004, ano do segundo filme. O uso da câmera lenta é repetido em várias cenas de ação, o que, ao meu ver, gera imagens muito bonitas. Gosto muito mais do que daquelas cenas de luta em que a câmera treme tanto que você nem entende o que está acontecendo. Fora isso, esse filme é mais concentrado nas cenas de ação do que os demais, e aquela tensão típica dos filmes de terror, com escuridão e sustos, é deixada um pouco de lado.

Para renovar um pouco o enredo, Alice recebe um antídoto para o T-vírus que habitava seu corpo e lhe dava super-poderes. Isso a torna humana novamente, e por um momento, parece que a sua luta contra a Umbrella acabou. Ao buscar Arcadia, um lugar em que uma transmissão de rádio diz haver segurança contra a infecção que tomou conta do mundo, porém, Alice percebe que a Umbrella, mais do que os zumbis, está em toda a parte.

Milla Jovovich como Alice

Os fãs de filmes de ação certamente irão gostar, os fãs de filmes de terror, não sentirão medo algum, e os fãs da saga dificilmente se sentirão decepcionados. O que eu gosto em Resident Evil são as mulheres fortes, habilidosas, matando zumbis e outros monstros. Recomeço não deixa a desejar nesse quesito.

Sem mais, é muito bom encontrar pela primeira vez Alice limpa e usando roupas legais ao mesmo tempo. (Porque aquele vestidinho vermelho do primeiro filme é terrível, convenhamos). E morena, ela é muito mais bonita.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Criminal Minds - 6ª Temporada

Não é preciso me conhecer muito bem pra saber que eu adoro a série Criminal Minds. Eu falo muito a respeito, principalmente no twitter. Pra quem não conhece, trata-se de uma série policial que enfoca os casos investigados pela Unidade de Análise Comportamental do FBI, um grupo de elite que resolve crimes investigando o comportamento do criminoso, prevendo como serão seus próximos passos. Eu não faço idéia se essa unidade existe realmente, mas a forma como as histórias são contadas nos episódios é com certeza muito envolvente.

O fato de ser uma série voltada para o comportamento humano, faz com que os enredos dos episódios contenham criminosos motivados por questões psicológicas, e o que eles fazem com suas vítimas nem sempre é agradável de assistir. Considerando, porém, que eu sou uma pessoa que não assiste a filmes de terror – sim, morro de medo e tenho pesadelos-, mas acho tranqüilas as cenas de Criminal Minds, eu duvido seriamente que alguém com mais de 14 anos tenha algum problema ao assistir a série. O que sem dúvida é perturbador, contudo, é pensar no que o ser humano é capaz de fazer um com o outro. Mesmo que nenhum episódio, entre os que assisti, tenha anunciado claramente ter sido inspirado em fatos reais, em vários momentos as personagens citam casos verídicos de criminosos nada bonzinhos para ilustrar alguma situação. Ou seja, a ficção não é tão distante da realidade. Criminal Minds, porém, não é uma série depressiva. A mensagem de esperança no ser humano está sempre presente. E é como dizem, quanto mais negra for a personalidade do bandido, mas iluminada será a do herói.

Em termos de linguagem audiovisual, não apresenta nada fora do comum. O ritmo vai acelerando suavemente até o clímax, de forma a envolver o espectador. Muitas vezes, os planos e os cortes podem levar-nos a suspeitar de alguém, desviando a atenção até que a verdade nos surpreenda. Nas cenas de perseguição, a câmera na mão não treme tanto, o que eu acho ótimo, porque odeio aquelas cenas em que todo mundo corre e você não enxerga nada além de borrões, ficando tonto no processo.

Bom, escrevi tudo isso pra chegar a parte realmente importante: a sexta temporada da série estréia dia 22 de Setembro, nos EUA. Não encontrei informações sobre quando chegará ao Brasil, mas a estréia nacional costuma acontecer entre duas e três semanas depois da estréia americana.



Enquanto isso, o AXN reprisa as temporadas antigas de segunda a sexta às 17h (atualmente a segunda temporada), e domingo às 8h e às 22h (no momento, a quinta temporada).

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Zombieland 2

A data de estréia é vaga: 2011, mas já é o suficiente para animar os fãs do filme original. Zombieland 2 vai sair e será em 3D. Eu não sou uma grande entusiasta do 3D, mas a possibilidade de ver pedaços de zumbis ‘voando’ da tela até me anima.

Pra quem não conhece Zombieland, trata-se de uma comédia sobre a vida em um mundo pós... bom, em mundo em que – quase – todo mundo virou zumbi. Dirigido por Ruben Fleicher, conta com Jesse Eisenberg, Woody Harrelson, Emma Stone e Abigail Breslin no elenco.



Enquanto Zombieland 2 não chega, vale rever o primeiro, além de buscar outros filmes de estilo parecido...


Shaun of the dead (2004)

Trazida ao Brasil como “Todo mundo quase morto”, é uma comédia britânica de Edgar Wright sobre um ataque de zumbis sem causa conhecida. O protagonista, Shaun (Simon Pegg), deve proteger seus entes queridos - e sua própria vida, e no meio de toda a confusão, ainda fazer as pazes com a namorada, Liz (Kate Ashield).

Planet terror (2007)

De Robert Rodriguez, Planeta terror é um filme que faz homenagem ao estilo trash, muito mais nojento e violento do que Zombieland e Shaun of the dead. Apesar das cenas nojentas, contudo, rende boas risadas. Quem gosta de filmes como Kill Bill e Sin City, certamente vai gostar de Planeta terror.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Jolie e Depp. OMG!

É quase impossível não amá-los. Ambos são lindos, sexy’s e tem uma atuação cativante. E agora dividirão a telona. No longa O Turista (The tourist), Angelina Jolie e Johnny Depp atuarão juntos. O thriller tem estréia prevista para Dezembro, nos EUA, e para 14 de Janeiro de 2011, no Brasil.

Pelo que li sobre o enredo, Depp será um homem comum que viaja para a Itália, encontra Jolie e os dois iniciam um romance, mas acabam sendo perseguidos sabe-se lá por que. Tudo indica que a personagem de Jolie vai apenas usar o pobre Depp para uma investigação. E eu espero que seja isso, porque mesmo sendo louca pelo nosso querido Johnny, é muito difícil pra mim imaginar uma mulher estonteante como Angelina Jolie se apaixonando de verdade por um cara com aquele cabelo. Convenhamos.








Fontes:
http://www.cinemaemcena.com.br/Ficha_filme.aspx?id_noticia=34845&id_filme=6528&aba=cinenews

http://www.imdb.com/title/tt1243957/

O que as rádios não tocam.

The Black Eyed Peas estão chegando a Brasília em Outubro, e isso me faz lembrar de quando eles vieram pela primeira vez, em 2006. Naquela época, eu era muito fã do grupo – ainda sou, mas nunca mais acompanhei seus passos como antes; e com toda a alegria do mundo, fui ao show. Esse ano, não pretendo ir. A ênfase eletrônica do último CD, The E.N.D., não me atraiu tanto quando as batidas e misturas de ritmos de Monkey Business e Elephunk. Ainda assim, pensar em Black Eyed Peas me faz lembrar que a maioria das pessoas só conhece os hits que tocam nas rádios, que é justamente onde as melhores músicas não estão.



É claro que eu não sou nenhuma especialista em música, e tudo o que escrevo se baseia nas minhas opiniões, mas após rodar por vezes sem conta Elephunk e Monkey Business no meu antigo CD player, posso dizer que conheço bem o som do BEP. Então vamos lá:

Elephunk
Primeiro álbum com a participação de Fergie, teve como grande sucesso “Where is the Love?”. Também ficaram famosas “Shut up” e “Let’s get retarded”.
Entre as boas desconhecidas, destaco “Latin girls” e, especialmente, “Sexy”, que usa uma melodia brasileira e cuja mistura de batidas gera um ritmo envolvente, literalmente, sexy.

Monkey Business
Famoso por “Pump it”, “Don’t phunk with my heart”, “Don’t lie” e, principalmente, “My humps”, Monkey Business tem muito mais oferecer em outras músicas, acredite.
Deixadas de fora pelas rádios, as melhores músicas do álbum são: “Like that”, “Audio delite at low fidelity” e “Union”, com a participação de Sting. Também com uma participação mais do que especial, “They don’t want music”, com o infelizmente já falecido James Brown, é excelente tanto em letra quanto em melodia.

The E.N.D.
Mais dançante e com uma batida muito mais eletrônica do que os anteriores, tem como destaque “I got a feeling”, “Boom boom pow” e “Imma be”.
Esse álbum, devo admitir, escutei dez vezes menos do os dois anteriores, mas gostei muito de “Alive” e “Meet me halfway”.


O show

22 de outubro, estacionamento do Mané Garrincha.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Orgulho e preconceito e as mulheres

Já perdi as contas de quantas vezes assisti ao filme “Orgulho e preconceito” (Pride and prejudice, 2005), de Joe Wright . Trata-se de uma das muitas adaptações audiovisuais do livro homônimo de Jane Austen, publicado originalmente em 1813. Até Colin Firth já foi o sisudo Mr. Darcy (e o papel é a cara dele, convenhamos), em uma produção da BBC. Foi a versão com Keira Knightley como a decidida Elizabeth Bennet, e com Matthew Macfadyene como o fechado Mr. Darcy, contudo, que trouxe a história novamente à tona e aos corações das mulheres mais românticas.


OMG Colin Firth como OMG Mr. Darcy!

Curiosa, após assistir pela décima vez (ou mais) Mr. Darcy confessar a uma perplexa Elizabeth: “I love you... most ardently!”,decidi ler o livro. Por ser um livro antigo, já muito publicado, é fácil encontrar aquelas cópias de bolso por 10 reais. Recomendo. Enfim, comecei o livro e me surpreendi ao perceber que estava “presa” à história como há muito não acontecia. Mesmo reconhecendo que o enredo que eu já conhecia do filme é extremamente semelhante ao que se passa no livro, eu não conseguia parar de ler. Sempre queria mais um capítulo, mais uma página. E é estranho pensar nisso, porque o livro inteiro gira em torno de garotas que observam pessoas se casarem, esperam que as amigas se casem, e esperam achar com quem se casar. E é isso. Então por que uma história sobre mulheres que nada mais tem a fazer a não ser enamorarem-se e casarem-se encanta tanto as mulheres atuais, que se orgulham de serem tão feministas, “modernas” e independentes? Investigaremos...

Em primeiro lugar, a escrita de Jane Austen é muito envolvente. Sua descrição das características psicológicas – muito mais do que as físicas - das personagens nos levam a conhecê-las como se convivêssemos com elas. E os diálogos são ricos em ironias e detalhes que envolvem o leitor. Já assistiu a um filme “de época” em que todos pareciam estar se ofendendo em todos os diálogos o tempo todo, mas ainda assim não deixavam de sorrir uns para os outros? Orgulho e preconceito tem essa característica. E essas “alfinetadas” que as personagens trocam entre si são muito divertidas, em especial as proferidas pela protagonista, Elizabeth.


Keira Knightley e Matthew Macfadyene no filme de Joe Wright


Além dos diálogos, o talento de Austen para descrever cenas do cotidiano e torná-las envolventes é incrível. É difícil não ficar na expectativa para ver se o Sr. Bingley irá se casar com a Srta. Bennet, ou não ficar apreensivo esperando o desfecho da fuga de Lydia com o Sr. Wickham, ou ainda não adquirir desprezo pelos modos do Sr. Collins. Não há nada de extraordinário nos acontecimentos. Não há um anel a ser destruído, não há um bruxo do mal a ser derrotado, há apenas afetos e desafetos gerados pela convivência das personagens. Para Orgulho e preconceito, porém, isso basta. E para seus leitores, também.

Por fim temos a história de amor em si. Darcy e Elizabeth se apaixonam, e o modo como isto acontece é cativante. As duas personagens jamais são mostradas como dois seres belos cheios de qualidades, muito pelo contrário, seus defeitos muitas vezes ganham o maior destaque. E é nesse processo de descobrir as qualidades por trás dos defeitos que eles se envolvem. Além disso, Lizzy é uma mulher forte, decidida, que quer se casar com o homem que gosta, não quer um casamento por dinheiro – ou teria se casado com o Sr. Collins e bye-bye Sr. Darcy. Aí está o elemento moderno do romance: um homem e uma mulher que não são perfeitos, mas são perfeitos um para o outro. Duas pessoas normais, com defeitos e qualidades normais, em seus encontros e desencontros. E é assim que o romance transcende sua época e torna-se eterno.

domingo, 5 de setembro de 2010

Corra, Angelina, corra.

Pode ser um pouco atrasado da minha parte falar desse filme agora, já que ele estreou nos cinemas brasileiros em 30 de julho, mas eu só assisti ontem à noite. E não pude resistir escrever sobre ele.

Dirigido por Philip Noyce, "Salt" mostra Angelina Jolie como a agente da CIA Evely Salt, que, após anos de dedicado serviço ao governo dos Estados Unidos, é acusada de ser uma espiã russa infiltrada. E a correria do filme começa.

Jolie corre, pula sobre caminhões, rouba motocicletas, salta com caminhonetes gigantes da polícia. A princípio, o espectador acredita que Salt está apenas tentando provar sua inocência, mas depois é provado que ela é, de fato, uma espiã russa muito bem treinada. E surge a dúvida: ela voltará para o lado de seus compatriotas para executar o plano a ela destinado, ou será fiel à América, que por tantos anos foi sua casa? Essa dúvida é fortalecida pela atuação quase robótica de Jolie, em que os sentimentos da personagem parecem quase inexistentes de tão sufocados por sua fachada fria e calculista.

Quase sem diálogos e com uma ação que se desenvolve muito rápido, o filme parece quase um videoclipe diante dos olhos do espectador. O roteiro é bom, o carisma de Angelina Jolie interpretando personagens femininas que “quebram tudo” já havia sido comprovado na série Tomb Raider, mas o filme carece de pausas. Mesmo nos momentos em que Salt se lembra do que viveu ao lado do marido são curtos, e mal deixam o espectador tomar fôlego entre um tiroteio e outro. Se Lara Croft parecia uma humana muito habilidosa, Evely Salt parece um robô, uma arma de guerra que quer ser humana.


Angelina em Salt.

Deixando esses aspectos de lado, como filme que propõe muito tiroteio, explosões e perseguições, “Salt” é um êxito. Sem contar que é sempre legal ver uma mulher em um papel como esse, ao invés de, sei lá, um Tom Cruise da vida.

Só mais uma coisa: se a intenção daquele cabelo preto da Angelina era parecer uma peruca, eles conseguiram. Eu passei o filme todo pensando “agora ela cai”. Alô, direção de arte?

sábado, 4 de setembro de 2010

Os twilighters que se mordam.

Não consegui aguentar, tive que vir postar isso ainda hoje. Acabei de chegar do cinema e adivinhem qual foi um dos trailers que passou antes do filme? Isso mesmo, "Vampires suck", trazido ao Brasil como "Os vampiros que se mordam".

Dirigido por Jason Friedberg e Aaron Seltzer, trata-se de uma sátira aos filmes da "saga" twilight, bem ao estilo "Todo mundo em pânico". Fazendo piada com o "universo" da autora Stephenie Meyer, o filme promete deixar muitas fãs radicais da saga bastante irritadinhas. Fiquei empolgada com isso porque, apesar de já ter visto o trailer no youtube, desconfiava que o filme não viria às telonas brasileiras. Ver o trailer no cinema indica que, sim, poderemos ê-lo em salas de todo o país, a partir de 1° de outubro.

Àqueles que criticam a validade de se gastar milhões de dólares (tá, na verdade eu não sei se o orçamento desse filme chegou a tanto, mas enfim) com um filme de comédia escrachada, eu digo: sim, é válido. Primeiro, fazer as pessoas rirem é uma coisa muito legal. Segundo, rir de twiligth é melhor ainda. Pois é, eu acredito que o cinema não deve ser somente a realização de grandes filmes artísticos, contestadores, etc. Há espaço para a produção estritamente comercial também. Por que não se divertir com isso?~


A ilha da origem.

Em que aspectos “A Ilha do medo” e “A origem”, ambos com Leonardo DiCaprio, são tão parecidos – apesar de tão diferentes – e por quê estão entre os melhores filmes do ano.

AVISO – se você não assistiu a nenhum dos dois filmes, melhor não continuar.

Em fevereiro de 2010, Martin Scorsese lançou o suspense “A ilha do medo” (Shutter Island), trazendo Leonardo DiCaprio como protagonista. Ao investigar o desaparecimento de uma paciente de um hospital psiquiátrico/prisão, o detetive Edward Daniels (DiCaprio) acaba descobrindo que a ilha guarda segredos muito mais sombrios do que ele imaginara.

“A origem” (Inception) é de lançamento mais recente, foi agora em Agosto, e acredito que ainda está em exibição em algumas salas. Assinado por Christopher Nolan, tanto no roteiro quanto na direção, o filme trata de um grupo que realiza um tipo diferente de espionagem empresarial, entrando no sonho das pessoas para descobrir seus segredos mais bem guardados. DiCaprio interpreta Dom Cobb, o especialista no processo de sonhos compartilhados, que permite que duas ou mais pessoas tenham o mesmo sonho, e líder da equipe.


A princípio, nada parecidos. “A ilha do medo” se passa em 1954, enquanto “A origem” não apresenta data definida, mas é visível que não se passa antes 2010. Então, o que conecta esses dois filmes, além de serem protagonizados pelo mesmo ator?

Não é preciso nem ao menos ser um espectador atento para responder de primeira: o trauma da personagem principal.

Tanto Daniels quanto Cobb são homens perturbados, assombrados pelo fantasma de seu passado. E, em ambos os casos, esse fantasma tem rosto e nome: Dolores (Michelle Williams), em “A ilha do medo”, e Mal (Marion Cotillard), em “A Origem”. Mulheres belas, também perturbadas, que aparecem em sonhos e delírios para os protagonistas. As duas eram seu grande amor, mas também seu amor tragicamente perdido. E as semelhanças continuam: as aparições das duas começam pontuais e crescem ao longo do filme, crescendo também a intensidade dramática de suas cenas e a confusão do espectador em relação ao quê aconteceu com elas – e qual a participação de seus amados em seus trágicos desfechos. No fim, o destino de Dolores fica muito mais claro em “A ilha do medo” do que o de Mal em “A origem”.


Marion Cotillard, em "A origem".

Apesar da semelhança do trauma pessoal de ter perdido a mulher amada e os filhos – de forma definitiva no filme de Scorsese, e de forma reversível no de Nolan – as personagens de DiCaprio nos dois filmes são mais diferentes do que parecidas. Enquanto Ted Daniels sucumbe progressivamente à loucura, Dom Cobb segue seguro de si, mesmo quando tudo indica que perderá o controle. Enquanto Ted Daniels vai de um homem de luto pela sua perda, mas seguro de si, à um homem que não sabe mais distinguir a realidade da loucura, Dom Cobb jamais questiona o que sabe ser real. É muito interessante verificar como DiCaprio resistiu à tentação de interpretar os dois papéis da mesma forma – e a direção de atores dos dois filmes entra com força nesse aspecto.


DiCaprio com Michelle Williams, em "A ilha do medo".

Voltando ao ambiente das semelhanças, tanto o filme se Scorsese quanto o de Nolan, trazem ao público aquela sensação angustiante de questionamento da realidade. Além de prenderem a atenção dos espectadores ao longo do filme – eu não sei quanto a vocês, mas eu passei longos minutos sem respirar em ambos -, os dois fazem com que o mundo exterior à sala de cinema pareça etéreo, inconsistente e irreal. São essas sensações, juntamente com toda a discussão que eles levantam, que faz deles ótimos filmes. Sem contar os aspectos técnicos de direção, fotografia, cenografia, direção de atores, efeitos especiais, entre outros. Mas ambos os filmes apresentam um grande defeito: as sensações de vê-los pela primeira vez nunca mais se repetem.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Apresentação

Escrever sempre foi como um impulso pra mim. As idéias surgem, as palavras brotam. E com facilidade crescem. Escrever e divulgar em blogs é algo que tento fazer desde meus 13 anos, aproximadamente. Nunca deu muito certo. Não sei se tem relação com o fato de que muito do que escrevo considero fraco, inacabado. Pode ser. O fato é que resolvi tentar mais uma vez, logo, criei um blog bastante literário, onde a falta de regularidade é a mais constante presença: http://reegomes.blogspot.com/.

Não pretendo parar com esse blog original. Suspendê-lo nunca fez parte da minha vontade. Decidi recentemente, contudo, criar outro espaço para meus textos na internet. Um blog em que a literatura fique um pouco de lado e minhas opiniões sobre os mais diversos assuntos fique em evidência. O foco será o cinema, analisado sob a ótica crítica que aprendi (ou não) na faculdade até agora. Mas não há como saber o rumo que essas idéias vão tomar.

Não imagino quem vá se interessar por minha opiniões, mas o experimentalismo faz parte de mim e não há como renegá-lo.

Sem mais, seja muito bem-vindo. Aproveite o que puder.