sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Quem tem medo de Almodóvar?


Eu! Apesar de ainda estar surpresa com a notícia, posso dizer que sim, morro de medo.

Foram divulgados novos cartazes do próximo filme do diretor, La Piel que habito, a ser lançado nos cinemas espanhóis ainda esse ano. O gênero do filme ainda não é definido, mas o próprio Almodóvar afirmou que ele tende mais ao terror. Eu já assisti a pelo menos 90% da filmografia do cineasta, e nunca senti um pingo de medo. Na verdade, seus filmes tendem muito mais à comédia, apesar do melodrama ser o tom predominante. Então, por que eu tenho medo de um filme de terror by Amodóvar, além do meu pavor natural em relação a esse tipo de produção? Simples, porque Almodóvar é um mestre da imagem, uma das mentes mais inventivas do cinema mundial. E tudo o que ele já criou, dentro da plástica do cinema, em prol da comédia e do drama, pode ser igualmente forte se direcionado ao terror. Não será, é claro, um terror banal de sustos e monstros. E apesar de medrosa, estarei no cinema, torcendo para não queimar a língua.


Cartaz de La Piel que habito, promessa de terror do cineasta Pedro Almodóvar

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Skins US: mais erros do que acertos


A série televisiva Skins faz o maior sucesso no Reino Unido, assim como em vários outros países. Pensando nisso, a MTV decidiu produzir uma versão americana da série, no meu ponto de vista, por basicamente três motivos: porque os americanos, apesar de serem a “fonte” de toda a globalização, gostam das coisas do jeito deles, não gostam de nenhum outro sotaque que não seja o deles, e gostam de dar uma adaptada no conteúdo das coisas para encaixá-las em seus padrões morais, mesmo em séries que se propõem a tratar de temas pesados, como Skins. Um exemplo bem evidente: os palavrões, muito usados na versão britânica, são bipados pela MTV.

Talvez não seja justo comparar as duas versões, já que a americana pode até ser agradável a quem nunca assistiu a nenhuma outra, mas o propósito deste post não é ser justo em relação à iniciativa da MTV, mas sim fazer justiça aos fãs de Skins. Ou seja, eu comparo MESMO.


O elenco da versão americana de Skins

Então vamos direto ao maior e principal erro da MTV: adaptar a primeira temporada . Não que teria ficado melhor se outra temporada fosse a escolhida, não, o problema é com a adaptação. Pegar a mesma história básica da versão original, incluindo a refilmagem de algumas cenas e falas exatamente iguais, não foi uma boa idéia. O mundo teria muito mais a ganhar com uma temporada americana totalmente inédita de Skins do que com essa refilmagem piorada que está no ar.

Tony e Michelle continuam basicamente os mesmos. Até agora, já que só saíram 5 episódios. Sid virou Stanley, um garoto muito mais mané do que o original, e com um cabelo tapando um dos olhos de dar nos nervos. Acho que tenho que me corrigir aqui, Sid não é mané, é só um cara distraído e sem-jeito, o que contrasta fortemente com a imagem do Tony bonzão e malandro. Stanley, por sua vez, vive momentos de completa babaquice. Cadie, versão americana de Cassie, é uma garota meio sombria. Enquanto Cassie é uma garota que vive no mundo da lua e tem alguns problemas psicológicos, mas ainda assim traz certa leveza e luz, Cadie parece uma personagem esquisita, saída diretamente de um filme de terror tipo B.

Uma personagem que até agora apareceu muito pouco foi a irmã do Tony, que se chama Eura. Pelo que pude ver, contudo, não chega aos pés de Effy. Sinceramente, ela parece muito mais com a Pandora com essas Maria-chiquinhas do que com a bad ass Effy.


Essa era pra ser a Effy? Sério mesmo?

A intenção dos produtores obviamente foi a de fazer um Chris igual AO Chris. Acontece que Jesse Carere simplesmente não tem o talento de Joe Dempsie. O episódio número 3, dedicado a Chris, é exemplo de um grande erro por parte dos produtores, o de colocar atores diferentes para realizar cenas já consagradas pelos fãs, já que o episódio é um dos mais parecidos com o original ate agora, com cenas inteiras refilmadas. Não adianta, não dá pra aceitar atores diferentes – e de um modo geral pouco competentes – interpretando personagens tão geniais quanto os de Bryan Elsley e Jamie Brittain. Eles deixam de serem assim tão geniais.

E é justamente aí que está o atrativo de Tea. Interpretada por Sofia Black D’Elia, é uma personagem lésbica criada para substituir o gay Maxxie. Por ser uma personagem inteiramente nova, ela é muito diferente de seu equivalente original, o que a faz mais interessante do que seus companheiros de cena. Assim como Maxxie, ela é uma garota confiante, mas ao contrário dele, ainda não assumiu sua homossexualidade para a família. O episódio dedicado a ela é o de número 2, e com certeza o melhor até agora.


Tea: melhor, porque original

A atração de Tony por Maxxie se repete com Tony dando em cima de Tea. A insistência dele para que ela confesse ter “sentido alguma coisa” quando os dois transam é que eu não sei se interpretei muito bem. Não sei se se trata de uma indignação do “garanhão” Tony por existir uma garota que não se sinta atraída por ele, ou se ele está realmente apaixonado por ela. De qualquer forma, ficou pra mim uma impressão de machismo na história, me lembrou aquela velha bobagem de que “ela só é lésbica por que não encontrou um homem de verdade ainda”. O que é claro, é puro nonsense. Não sei se foi isso que os roteiristas quiseram transmitir, mas de uma coisa eu tenho certeza: um garoto que se diz heterossexual, com namorada, se sentir atraído por outra garota (Tony e Tea, em Skins US) é muito mais fácil de ser aceito pela sociedade americana do que se ele fosse atraído por outro garoto, homossexual assumido (Tony e Maxxie, em Skins). Daí trocar Maxxie por Tea.

Machismo ou não, a MTV deveria ter feito com todo o resto das personagens o que fez com Tea: criado algo novo. Quando o roteiro deixa de copiar cenas e falas do original para se aventurar em terrenos inéditos é que a série tem seus bons momentos. Quando não, só o que você consegue pensar é “Joe Dempsie faz isso muito melhor”.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

E falando em releitura de clássicos...

Não são só os contos de fadas que estão ganhando novas versões animadas. Romeu e Julieta, uma das histórias mais famosas do mundo, vai se transformar na animação Gnomeu e Julieta. Sim, Gnomeu vem de gnomo, gnomo de jardim. O filme etréia dia 4 de março, e o trailer já está nos cinemas.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Enrolados


Fazia tempo que eu não ia ao cinema para assistir a uma animação, e depois de toda a tensão de Black Swan, eu bem que precisava de um filme bem oowwn. Enrolados foi exatamente o que eu estava procurando: o filme é engraçado, colorido e fofíssimo.

Renovar contos de fadas para o cinema já tinha dado mais do que certo com a Dream Works e seu Shrek, que rendeu um total de quatro filmes que viraram de cabeça pra baixo o universo dos clássicos infantis. A Pixar aparentemente resolveu entrar nessa onda, mas de forma um pouco mais moderada, com Enrolados.

O filme faz uma releitura de Rapuzel, clássico dos irmãos Grimm. É claro que esses contos já foram muito modificados com o passar do tempo, mas dessa vez a Pixar trouxe uma visão bastante diferente do que estamos acostumados a ouvir sobre Rapunzel. A moça é a filha de uma rainha que, doente durante a gravidez, bebeu o chá de uma flor mágica, o que a curou. Devido ao poder da bebida ingerida pela mãe, a menina nasceu com cabelos dourados e mágicos. Uma velha bruxa, ansiosa para usar o poder de cura do cabelo para manter-se sempre jovem, rouba a menina e a esconde em uma torre. Até aqui, é tudo muito parecido com a história original – menos a parte do cabelo mágico e de Rapunzel ser uma princesa. As semelhanças, porém, param por aí. O príncipe apaixonado dessa vez é um ladrão, que, após ser perseguido por um cavalo com um grande senso de dever e um estranho complexo de cachorro, acaba encontrando Rapunzel em sua torre.


Rapunzel: uma garota superprotegida tentando bancar a valentona e encarar o mundo.

Como você já deve estar imaginando, Rapunzel sai da torre com seu “ladrão encantado”, Flyn Rider, mas esse não é o fim da história, é apenas o começo. Desde os soldados do palácio que os perseguem, até um bando de (?) Vikings em um taverna, os dois encontram de tudo. E também vão se apaixonando pelo caminho, é claro.

Essa nova Rapunzel é uma garota prestes a completar dezoito anos, vivendo justamente a transição entre adolescência e maioridade. Resguardada na torre pela bruxa que finge ser sua mãe, ela nada sabe sobre o mundo do lado de fora. Quer descobrir, mas tem medo. Quer ser ousada e trilhar seu próprio caminho, mas não quer magoar sua "mãezinha querida". Todos (ou quase) conflitos internos pelos quais ela passa são os mesmos de todos os seres humanos nessa idade.

Luciano Huck dubla Flyn Rider, o ladrão que faz, inclusive, piadinhas sobre seu nariz. (Luciano Huck, nariz, hã hã) No começo da história, o tom professoral com que Huck narra a abertura é um pouco chato, pois parece forçado. Depois, contudo, ele vai ficando mais à vontade com o personagem e a dublagem sai mais fluida. Sylvia Salustti, que tem uma vasta carreira na dublagem, está ótima fazendo a voz de Rapunzel.

As músicas, que são a marca registrada da Disney, ficaram um pouco fracas. São bonitinhas e tudo, mas eu fiquei com a sensação de que faltou um “quê” de Disney, um algo a mais. Ainda assim, morri de rir durante a sessão. E no final, a única expressão possível foi “oowwnn”. Meus desejos em relação ao filme foram todos satisfeitos.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Black Swan: o lado mais sombrio do Ballet



Eu juro que pensei em mil coisas durante o filme, mas agora não sei nem por onde começar. Acho que três palavras resumem Black Swan: intimista, instigante, perturbador. Depois de seu sucesso nos festivais de Toronto e Veneza, e é claro, no Globo de Ouro, Black Swan chegou ao Brasil extremamente aguardado. E a recente indicação ao Oscar em cinco categorias somente aumentou as expectativas.

As minhas, é claro, mal cabiam na sala do cinema. Eu sabia pouco sobre o filme. Isolei-me propositalmente de tudo o que lhe dizia respeito para preservar a surpresa que a telona traria. Só sabia que se tratava de um drama sobre uma bailarina profissional, e que Natalie Portman estava divina no papel. Só. Fui recompensada por uma grande surpresa, daquelas que há um bom tempo eu não tinha em relação a um filme.



Natalie Portman como Nina: uma alma pressionada até fracionar-se.

Nina, no começo uma garota frágil e singela, passa por uma transformação impressionante. A interpretação de Natalie Portman, aliada à sua vozinha quase infantil, criam a imagem de uma Nina angelical, mas sem vontade própria e oprimida pelas pessoas de personalidade mais forte ao seu redor. A pouca vida que tem fora do ballet é controlada segundo a segundo pela mãe, ex-bailarina. Decidida a ser “apenas a melhor”, Nina tenta se mostrar com mais atitude para conseguir o papel principal na nova montagem de sua companhia: uma versão inovadora de “O lago dos Cisnes”. A partir daí ela se transforma em uma nova pessoa. É o delicado cisne branco transformando-se no vil cisne negro.

A câmera na mão, tensa, nervosa, que segue Nina, e que quase não se afasta dela, já traz consigo uma angústia logo na abertura. O Ballet, que segundo as minhas expectativas traria um contraponto de beleza e leveza ao filme, quase não é mostrado. Pelo menos não a dança em si. As facetas mais cruéis do Ballet estão todas lá: os ensaios até tarde da noite, as repetições, as cobranças, a competição entre os bailarinos, a busca pela magreza e pela perfeição de movimentos. E a perspectiva que se tem após passar por tudo isso: a substituição e a decadência, encarnadas na personagem Beth (Winona Ryder), primeira-bailarina recém aposentada da companhia.



O cisne negro: apenas uma fantasia, ou a verdadeira personalidade?

O filme assusta. É um terror psicológico misturado a algumas gotas de sangue em lugares indesejados. Unhas, principalmente. Mas não é um terror banal, é muito mais complexo do que isso. É uma crítica à competitividade exagerada, à cobrança, à obsessão, à busca da perfeição a qualquer custo. Uma crítica que não se limita ao ambiente do Ballet.

Black Swan é perturbador. Durante todo o tempo o espectador é arrastado para o universo de Nina, vive com ela suas angústias, frustrações e inibições. É quase impossível não acreditar no que ela acredita, não duvidar do que ela duvida. E isso é mérito da combinação diretor- atriz-montagem, trio que dá o tom do filme.

Natalie Portman está fantástica, não duvido que esse seja o seu ano no Oscar. Não acho, porém, que Black Swan vá ganhar muitas outras estatuetas. Muita gente vai bater o pé dizendo que ele é muito melhor do que, por exemplo, A rede social, e que merece vencer nas categorias de melhor filme e melhor diretor. Eu acho injusto dizer que um filme é melhor do que o outro, são filmes diferentes, e os dois são bons por diversos motivos. Mas Black Swan simplesmente não tem “perfil” para conquistar a academia, no meu ponto de vista. Se tratando de Oscar, porém, só esperando pra ver.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

O Turista

Dois dos atores mais queridinhos do momento finalmente protagonizaram um filme juntos. O Turista (The tourist), com Angelina Jolie e Johnny Depp estreou a pouco no Brasil, ainda que nos Estados Unidos tenha sido lançado a tempo de concorrer ao Globo de Ouro em janeiro. Não levou nada. O que realmente não surpreende.

Não vou dizer que Angelina e Johnny não ficaram lindos na tela, mas o filme também não é tudo isso. O mistério que envolve a identidade do ladrão Alexander Pearce, sua relação com Elise (Jolie), a perseguição da Interpol e a dúvida se ela vai encontrá-lo no final são elementos que envolvem o espectador na trama. Não há, contudo, nada mais que dê destaque ao filme e que permita classificá-lo como acima da média, considerando o padrão comercial Hollywoodiano.

Angelina Jolie e Johnny Depp em cena

A fotografia ficou muito bonita, principalmente nas cenas noturnas. Ter Veneza como locação sem dúvida contribuiu para a atmosfera de glamour e mistério do filme. Desde hotéis de alto luxo até perseguições nas ruelas estreitas da cidade, tudo contribui para o “clima” europeu. Não que o estilo seja de cinema europeu, nesse sentido ele é bem americano. Dá pra entender o que eu quero dizer?

Bom, quanto as atuações, assim como eu já previa nesse post aqui , Johnny Depp está totalmente Johnny Depp. É claro que ele é um ótimo ator, e é claro que a interpretação está boa, mas não há nada em O turista que ninguém já não tenha visto Johnny Depp fazer. Quanto à Angelina, ela se dá muito bem com papéis de mulher fria e calculista, e é justamente isso que sua personagem é. Há momentos, porém, em que ela deveria ter demonstrado um pouco mais de emoção.

No final, O turista é exatamente o que eu já imaginava: um filme engraçadinho e bem feito, mas não bom o suficiente para ganhar algum Globo de Ouro ou algo assim.