Os ingredientes de todo esse sucesso já são bem conhecidos desde 2007: cenas de ação, situações de tensão e, principalmente, um herói durão, de moral questionável e bordões facilmente decoráveis. Tudo isso não faria sentido, é claro, se não fosse interligado por um bom roteiro e brilhantemente executado, tanto pela direção de Padilha, quanto pela atuação de Wagner Moura como o já consagrado Capitão Nascimento.
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Quinze anos separam a trama atual do primeiro longa. O Capitão agora é Coronel Nascimento, já não tem bordões que possam ser incluídos em qualquer conversa nem repetidos à exaustão por seus fãs civis do outro lado da tela, mas mantém a mesmíssima moral que sempre teve: bandido não merece respeito. Essa moral é questionada pelo deputado Fraga, defensor árduo dos direitos humanos. O encontro dos dois na abertura do filme, quando ambos interferem em uma rebelião de presos em Bangu, é só o começo de uma trama muito bem interligada.
Eu achei o filme extremamente bem feito. Talvez alguém com mais estudo e mais experiência em cinema do que eu consiga encontrar algum defeito. Eu não ouso procurar. Destaco, contudo, a qualidade do roteiro, da montagem e da direção. Foram os três aspectos do filme que mais chamaram a minha atenção. Ouvi gente que achou ruim haver menos cenas de ação e violência neste do que no primeiro. Acontece que Tropa de Elite 2 não é um simples filme de ação. Padilha claramente tem uma história para passar, uma mensagem. Na minha visão, todas as cenas estão em equilíbrio para que esse fim seja atingido.
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Wagner Moura está, novamente, irrepreensível como Coronel Nascimento. O personagem, agora mais velho e mais experiente, é um excelente planejador tático do BOPE, mas tateia no escuro quando se trata de se relacionar com o filho. Quando ele percebe que seu posto na secretaria de segurança é apenas um golpe político e que as milícias começam a tomar conta das favelas, ele parte para a guerra, mas dessa vez, é uma guerra pessoal. Sua caça aos políticos corruptos com certeza envolve a todos os brasileiros, principalmente na cena em que Nascimento espanca o deputado bandido, um verdadeiro exercício de catarse nacional.
Enfim, o sucesso de Tropa de Elite 2 me empolga. Como eu já havia dito no post sobre o longa As melhores coisas do mundo, o cinema brasileiro me parece estar voltando à boa forma. Eu espero que filmes como os de Padilha animem o público a ir ao cinema assistir a mais produções nacionais, e ao mesmo tempo aqueçam o mercado, que está realmente necessitado de incentivos.
Acho que falta de sangue no segundo nos faz refletir sobre a barbárie.. será mesmo essa a solução?
ResponderExcluirConcordo com que a cena do espancamento é catarse total, deliciosa. Mas acredito que em Tropa 2 Padilha coloca a questão que vai além: o sistema político.
Não importa quantos morram, quantos sejam espancados.. os sistema se regenera. A questão é política.
ótima resenha! Tem de divulgar quando posta textos..