sábado, 31 de dezembro de 2011
5 grandes êxitos de 2011...
quarta-feira, 21 de dezembro de 2011
Primeiro trailer de O Hobbit é divulgado pela Warner.
quinta-feira, 8 de dezembro de 2011
E Brasília ganha oito novas salas.
domingo, 20 de novembro de 2011
A invasão de Amanhecer, ou o filme que nos estão enfiando goela abaixo.
Amanhecer – parte 1, final da “saga” Crepúsculo, que para imitar Harry Potter e ganhar mais dinheiro foi dividido em duas partes, fez sua estréia mundial sexta, dia 18. A qualidade duvidosa do roteiro, produção e realização de todos os filmes da série já foi amplamente discutida entre a crítica cinematográfica nos anos anteriores. E sim, eu infelizmente assisti a dois deles, até para saber do que falo: é ruim mesmo. Este ponto já foi estabelecido e já está mais do que passado. A questão que ganhou destaque esse ano, e que está fomentando protestos indignados, é a ocupação maciça das salas de cinema brasileiras com cópias do filme. São ao todo 1100 salas em um universo total de 2225 salas. Simplesmente METADE das salas do país estão exibindo Amanhecer. (Não é metade matemática, mas é metade, vai.)
Já vi uma crítica a isso exposta em um site especializado (http://www.clicaemcinema.com.br/) e já recebi um e-mail tipo corrente tão indignado quanto. E isso que nem procurei por mais, porque com certeza há por aí. Bem, não é de hoje que os blockbusters americanos invadem os cinemas brasileiros mensalmente como uma enxurrada, e também não é de hoje que muita gente reclama disso. Um único filme ocupando a metade das salas de um país de 8 514 876,599 km², com uma população de 194.946.470 de pessoas, porém, impulsiona ainda mais toda essa discussão.
A grande reclamação dos realizadores e cinéfilos é que um filme só ocupando tantas salas tira o já reduzido espaço das produções menores. Isso é verdade. A lei de mercado favorece o que dá lucro, e isso têm sido durante décadas os blockbusters (salvo algumas exceções - alô, Padilha! Alô, Globo Filmes!). A escassez de filmes brasileiros em cartaz, a aparente falta de interesse do público pela produção nacional e as dificuldades que os nossos realizadores enfrentam, contudo, são questões impossíveis de serem explicadas ou resolvidas por uma só resposta.
Cinema é negócio.
Para começar, cinema nos Estados Unidos é sinônimo de negócios, e os americanos já se provaram excelentes comerciantes (discussões de capitalismo selvagem de lado. Os grandes estúdios de lá são bilionários, ponto). Só ganha a chance de sair do papel com um mega orçamento e ser exportando para diversos países o roteiro que tem potencial de venda. São esses roteiros que chegam até nós. Lá, as produções independentes e baratas são quase tão raras quanto aqui.
E o Brasil vai pelo mesmo caminho. A única grande produtora, a única capaz de colocar seus filmes em um número expressivo de salas é a Globo Filmes. Ela produz filmes bons, com certeza, mas também produz filmes medianos e ruins. Só que é um negócio, visa o lucro. São os blockbusters brasileiros. José Padilha conseguiu driblar esse monopólio um pouco, jogando a Globo Filmes para a co-produção e fazendo Tropa de Elite 2 com a sua própria produtora, a Zazen. Fora isso, contudo, só se faz e se exibe filme nesse país com o apoio do governo...
Cineasta brasileiro é dependente.
“Aqui no Brasil só se faz filme com o apoio do governo”. Posso dizer seguramente que essa foi a primeira lição que aprendi no meu curso de Audiovisual na Universidade de Brasília. Essa frase já virou mantra, repetido por professores, colegas, palestrantes, até entranhar. A equação é simples: cinema é negócio + filme custa caro + cinema brasileiro não dá dinheiro = ninguém quer investir. Sobra para o governo, essa grande Mãe de todos nós, estender seus braços misericordiosos e dispensar uma mesadinha pro filho cineasta, aquele que não escolheu tão bem a carreira como o filho dotor ou o filho adevogado, mas que afinal, é filho também.
O governo abre editais para o financiamento de produções, para a finalização, faz leis que obrigam os exibidores a apresentarem um número x de filmes brasileiros, entre outras medidas. Ainda assim, captar recursos para um filme não é fácil. É preciso um bom projeto e muita paciência para visitar mais de 70 empresas pedindo apoio. É este o testemunho dos cineastas com quem tenho convivido.
Filme brasileiro é gênero.
Numa conversa social em um evento social qualquer, uma garota comentou isso comigo: “filme brasileiro virou gênero”. O sujeito vai ao cinema com o amigo. “O que está passando?”. O outro explica: “tem esse aqui que é de ação, aquele outro que é romance e mais um tal que é filme brasileiro”. O tipo de filme é “filme brasileiro”. Taxado e julgado na porta do cinema pela nacionalidade. Vítima de xenofobia em seu próprio território.
Sei que é demais querer que de uma hora para a outra a coisa mude para “esse é de ação, aquele de romance e o outro lá é filme americano”, mas quem sabe um dia?
Filme brasileiro é ruim
Mentira. Mentira. Mentira. Que o cinema brasileiro está se recuperando de um período de baixa fertilidade, isso é certo, mas o país nunca deixou de ter sua parcela de bons frutos – que estão cada vez mais abundantes. O cinema brasileiro tem produzido grandes obras e a tendência é crescer. Precisa, contudo, receber mais apoio por parte de sua população. E por apoio não me refiro a aplaudir qualquer porcaria que venha pela frente só por ser nacional, mas ter o senso crítico para saber separar o que é bom do que não é, reconhecendo e aplaudindo o que for bom. Para saber, contudo, é preciso assistir ao máximo de produções, vindas de todas as partes do país, tendo ou não atores e diretores famosos. Assistir para formar opinião.
O Brasil tem poucas salas.
Poucas, caras e concentradas nas grandes cidades. E essas poucas salas ainda reservam metade de seu espaço para Amanhecer... Pois é. O cinema brasileiro não dá dinheiro porque o público não vai assistir, o público não vai assistir porque as opções são poucas. É um ciclo vicioso que está sendo quebrado. A passo de tartaruga, mas está.
A presença da Globo Filmes, dos poucos filmes que conseguem se lançar de forma independente e daqueles que contam com a mãozinha do governo está aproximando a produção do público. O caminho até que a procura se torne suficiente para que os filmes brasileiros sejam economicamente lucrativos e conquistem a maioria na programação é longo, mas possível de ser trilhado.
E de volta a Amanhecer.
Cinema é negócio, requer investimento, e os grandes estúdios americanos tem condições de investir. As produtoras brasileiras, salvo algumas exceções, não tem. As empresas que dão apoio só se interessam em investir o mínimo para obterem vantagens fiscais. Na hora da exibição, o público não procura os filmes nacionais, vai atrás dos importados com altíssimos valores de produção e com propaganda maciça. Os distribuidores e exibidores querem ganhar dinheiro, logo, veiculam o que o público procura. Este é, de forma simplificada, o ciclo que temos vivenciado.
O que a invasão de Amanhecer nos cinemas mostra é um exagero de proporções monstruosas da política de ganhar dinheiro exibindo uma superprodução. Ocupar metade das salas de um país com um único filme é mais do que a ganância dos estúdios, produtores e exibidores em conseguir uma grande bilheteria, é enfiar um filme goela abaixo de uma nação inteira. Sim, Crepúsculo tem muitos fãs, mas nem tantos assim que precisem de 30 opções de horários diferentes para conseguir uma oportunidade de assisti-lo - isso somente em um dos cinemas de Brasília, para dar um exemplo.
Por mais que cinema seja um negócio e que vise o lucro, falta aos distribuidores e exibidores um mínimo de bom senso. Para se ter uma idéia, o filme mais bem sucedido de Crepúsculo até agora (Lua Nova) arrecadou menos do que o filme mais mal sucedido de Harry Potter (O Prizioneiro de Azkaban). (Isso em escala global, pois me faltam dados para uma comparação nacional). Nem mesmo os fãs de Harry Potter precisaram de tantas salas para saciar sua sede pela série e para render um bom lucro, então será que Crepúsculo precisa mesmo de tanto espaço, ou se estão, como já disse, enfiando o filme goela abaixo do público?
A discussão dos problemas que o cinema brasileiro enfrenta não surgiu hoje nem vai acabar tão cedo. A situação que estamos presenciando agora, entretanto, faz mais do que inflamar o debate: joga gasolina em indignações há muito acumuladas. Indignações recheadas de bons motivos e razões, diga-se de passagem.
quinta-feira, 17 de novembro de 2011
Branca de Neve de volta à telona. Em dose dupla
terça-feira, 15 de novembro de 2011
A nova pele de Almodóvar.
segunda-feira, 7 de novembro de 2011
12° Projeta Brasil no Cinemark.
sábado, 5 de novembro de 2011
Exercine no Tumblr
Para diversificar o conteúdo do blog e agradar aos adeptos do tumblr, agora o Exercine também está aqui: http://exercine.tumblr.com/
segunda-feira, 17 de outubro de 2011
Finalmente, Melancolia.
quarta-feira, 28 de setembro de 2011
O vazio de setembro e um pouco de propaganda.
28 de Setembro e o blog até agora sem posts novos. Em parte por falta de tempo, e em parte porque Vidas Cruzadas (The Help) não entrou em cartaz para me fazer arranjar um tempinho. Poderia muito bem falar sobre o Rock in Rio, mas não entendo de música e o assunto já está sendo tão comentado que, vamos combinar, até pra quem foi e curtiu já deu.
O Festival de Brasília tá rolando desde o dia 26. E adivinhem quem não vai ter tempo pra ir? Pois é. Mas vale a pena dar uma passada lá para fugir do circuito comercial e ver o que o pessoal anda produzindo, principalmente os curtas brasilienses na Mostra Brasília. Ano passado tinha muita coisa ruim, mas também tinha muita coisa boa. Esse ano não deve ser diferente.
Fazendo um pouco de marketing pessoal: dia 02 de outubro, domingo, no Museu Nacional da República (o ovão da esplanda), vai passar Meu amigo, Meu avô, curta de Renan Montenegro em que trabalhei como assistente de produção. Também no dia 02, temos A arte de andar pelas ruas de Brasília, que estou morrendo de curiosidade de assistir. Outro curta produzido pelos alunos da unb, meus caros colegas, é Abracadabra, que vai passar no dia 01.
Veja programação completa do festival aqui.
quarta-feira, 31 de agosto de 2011
O relançamento de um clássico.
O filme é o mesmo, com a mesmíssima dublagem original, o que é muito bom - afinal, quem não ama a voz maldosa de Scar, dublado por Jorgeh Ramos, ou a força e a imponência que Paulo Flores traz à Mufasa? Em resumo, fora os efeitos 3D, a Disney não inventou mais nada. Na verdade, o relançamento desse clássico foi, a meu ver, muito mal trabalhado pela empresa.
Primeiro, esperar por 2014 para lançar uma edição comemorativa dos 20 anos, com cenas extras (pós-créditos mesmo, pois o filme em si pode acabar prejudicado com a inclusão de planos) seria muito mais interessante comercialmente. Além disso, deveria ser disponibilizada também a versão em 2D.
Estratégias de marketing à parte, O Rei Leão 3D tem levado muitos fãs crescidos ao cinema, atraídos em grande parte pela emoção de rever um de seus filmes favoritos na telona. Os efeitos de conversão do filme para três dimensões não são lá muito impressionantes, as cores reforçadas, sim, provocam um espetáculo mais interessante.
O filme é visualmente muito bonito. As cores do nascer e do pôr-do-sol são magníficas. A abertura impactante com a marcha dos animais rumo à pedra do rei, acompanhada pela música intensa continua maravilhosa mesmo após dezessete anos de sua concepção. O corte abrupto da música para a entrada do crédito de fundo negro e letras vermelhas com o título do filme é cinematograficamente muito inteligente. As músicas de Elton John são lindas e harmonizam perfeitamente com o transcorrer da trama. O Rei Leão é uma das melhores criações dos estúdios Disney, sem dúvidas.
Vale destacar a temática principal da história como grande atrativo para ir e levar as crianças ao cinema: é importante seguir em frente após uma tragédia, sem se esquecer da importância das pessoas que se foram. Simba, futuro rei leão, presencia a morte do atual rei e seu pai, Mufasa. Não consigo me lembrar de nenhum outro filme infantil recente que aborde uma situação de perda tão trágica. (Talvez a sequencia inicial de UP!, mas só). “O ciclo da vida”, explicado por Mufasa à Simba, é uma lição bonita, um modo poético de aproximar as crianças do mundo adulto e da realidade de que todos um dia se vão. E não, não é cruel mostrar aos pequenos essa realidade, não da forma como aparece no filme. Trata-se de ensinar-los a amadurecer e de acreditar que eles são seres inteligentes com capacidade para absorver tramas muito mais complexas do que apenas piadas bobas ou gags visuais.
Seguindo o famoso slogan hollywoodiano, O Rei Leão é um “filme para toda a família”, mesmo. Incluindo-se fãs crescidos, pais e crianças que vão conhecê-lo pela primeira vez.
sexta-feira, 26 de agosto de 2011
O ano de Emma Stone
Com apenas 23 anos, Emma Stone é uma das atrizes mais quentes do momento. Após subir aos poucos com vários trabalhos para a televisão, ela estreou na telona com a comédia Superbad (2007) e ganhou destaque com A mentira (Easy A, em 2010), outra comédia. Agora, Emma consolida-se de vez em 2011.
Após ser indicada ao Globo de Ouro de melhor atriz de filme musical ou comédia (A Mentira), ela arrebatou a capa da edição de Julho da Elle americana, mostrando seu novo visual de cabelos louros para o novo filme da franquia Homem Aranha, que estréia em 2012. Na refilmagem da história de Peter Parker, interpretado por Andrew Garfield, Emma será Gwen Stacy, a nova paixão do protagonista.
Emma na capa da Elle americana de julho.
Para Emma, contudo, 2012 ainda está longe. Ainda neste ano ela participa de nada menos do que três longas. A atriz pode ser vista em Amor à toda prova (Crazy, stupid, Love), que chegou aos cinemas brasileiros hoje, e em Amizade Colorida (Friends with Benefits), que virá lá pelo dia 30 de setembro. Apesar de aplaudida por seu timing para a comédia, o filme mais interessante do ano com sua participação talvez seja Vidas Cruzadas (The Help), drama baseado no bestseller da americana Kathryn Stockett.
Um ano movimentado para Emma, que teve que renunciar à oferta de participar de Sucker Punch por questões de agenda – ou seja, excesso de solicitações. Se seu trabalho continuar com a solidez que vem apresentando, tudo indica que os próximos anos serão tão agitados para ela quanto 2011.
Vidas Cruzadas (The Help)
Situado em Jackson, Mississipi, nos anos 1960, trata do racismo americano contra negros, enfocando as relações entre mulheres de diferentes classes sociais e cores de pele. Eugenia ‘Skeeter’ Phelan (Emma Stone) é uma aspirante a jornalista que decide revelar em um livro os atos de preconceitos praticados pelas senhoras brancas, sendo o mais básico deles o de não permitir que as empregadas negras utilizem os mesmos banheiros que os patrões.
Em seu segundo final de semana em cartaz nos Estados Unidos, Vidas Cruzadas atingiu o topo da lista de maiores bilheterias, superando Planeta dos Macacos: a origem. No Brasil, por enquanto, só temos o trailer, mas já é o bastante para sugerir que se trata de um filme pelo qual vale a pena esperar. A estréia está marcada para 16 de setembro.
quinta-feira, 25 de agosto de 2011
Um convite à contemplação.
Grande parte do descontentamento do público com A Árvore da Vida se deve ao fato de que, de um modo geral, não estamos acostumados a filmes tão contemplativos, com narrativas tão abertas e com tão poucas explicações. A idéia de ir ao cinema para pensar, sentir e refletir sobre a grandiosidade da vida não é algo comum ao dia-a-dia dos brasileiros. E a grande verdade é que encontrar filmes desse tipo nos cinemas (pelo menos aqui em Brasília) é muito difícil. É preciso que se ganhe a Palma de Ouro para entrar no circuito brasiliense, caso você não seja uma superprodução hollywoodiana, não tenha sido produzido pela Globo Filmes ou não esteja entre a cota de filmes brasileiros que o governo obriga os cinemas a exibirem. No fim, o brasileiro não enxerga o cinema como um instrumento de reflexão não por uma questão de falta de cultura, mas por uma questão de falta de opções.
Questões de distribuição e mercado à parte, o fato é que sentar em uma sala de cinema e assistir a um filme em que pelo menos 70% das cenas mostram apenas a natureza (ondas enormes e vulcões em erupção, entre outros) ao som de música instrumental acompanhada por um coral é um exercício de paciência. É um exercício de parar e admirar. De não se preocupar com enredo ou com falas, com o que faz sentido ou não. De não prestar atenção em uma “história”, mas deixar seus pensamentos fluírem ao som da música e ao ritmo das imagens.
Jack (Hunter McCracken) na infância com a mãe (Jessica Chastain)...
Malick propõem uma experiência predominantemente sensorial, com imagens de uma beleza esmagadora acompanhadas por uma música poderosa que praticamente não para de tocar. No começo, uma mulher (Jessica Chastain) recebe uma notícia por telegrama. A dor que o comunicado lhe traz a faz gritar. Um homem (Brad Pitt), recebe em seu local de trabalho um telefonema cujas palavras não podem ser ouvidas pelo espectador devido ao barulho ensurdecedor de um avião próximo, mas é possível distinguir a boca do homem formando um “What?” (“O quê?”) completamente incrédulo. Em seguida descobrimos que o homem e a mulher são um casal, e que esse casal acabou de perder um dos três filhos. Após uma breve cena com pessoas vestidas de preto, algumas consolando a mulher, ouvimos sua voz em off questionar a Deus, pedir por Ele. Imagens do cosmos se seguem.
É nesse momento que uma revisão da criação do universo, e mais especificamente da Terra, tem início. Das estrelas, vamos a um vulcão em erupção, à força dos mares e ao surgimento da vida nos oceanos. A mensagem de que a vida de um ser humano é pequena diante de tamanha grandeza torna-se perturbadoramente clara. A dor da família mutilada pela morte do filho, contudo, não deixa de ser intensa.
... e quando adulto (Sean Penn), vagando pelo mundo, ou pelas lembranças de sua vida.
Aos poucos, conhecemos um pouco melhor a história dessa família. Assistimos, um a um, aos filhos nascerem e serem imensamente amados pela mãe. Em algo que parece ser um verão eterno, os meninos crescem, entre aventuras e brincadeiras. O pai logo se revela um disciplinador rigoroso, até mesmo agressivo, mas que sofre internamente por não conseguir ser o homem importante que sempre sonhou. O sonho americano do self-made man não se realizou para ele, apesar de seus esforços. Ele procura ensinar os filhos a serem fortes, mas é um homem cheio de contradições. “Ele diz: não ponha os cotovelos na mesa. Mas ele põe.” “Ele diz: não minta. Mas ele mente.” – são apenas alguns dos exemplos percebidos pelo filho mais velho, Jack, interpretado por Hunter McCracken na infância e Sean Penn na idade adulta.
A raiva e o ressentimento que Jack sente pelo pai, que cobra muito mais do primogênito do que dos mais novos, ficam explícitos. Esses sentimentos são reforçados pelo ciúme que o garoto sente ao ver a mãe tratar com carinho e afeto – mesmo tratamento que o próprio Jack recebe, diga-se de passagem – aos irmãos. Jack fica dividido entre o amor e a doçura da mãe e a rigorosidade e brutalidade do pai. Nada disso, contudo, é exposto em grandes diálogos, ou mesmo tratado de forma linear. É tarefa do espectador juntar dois mais dois para formar quatro, situação que, ao contrário da crença popular, nem sempre gera nesse espectador a gratidão esperada. Até porque, em se tratando de A Árvore da Vida, dois mais dois podem muito bem serem cinco.
Brad Pitt dá vida aos contrastes do Sr. O'Brian: pai amoroso e brutalmente rígido ao mesmo tempo.
Cenas de Jack quando criança e quando adulto se alternam, e a participação de Sean Penn mostra um homem perdido nas reminiscencias de seu passado - se apenas por um dia ou se por vários anos, não se pode dizer. Profundamente marcado por sua infância, pelo contraste entre as personalidades de seus pais (inclusive pelas próprias contradições que o pai apresenta em si mesmo) e pela morte do irmão, ele procura alguém, que pode ser o pai, o irmão ou mesmo Deus.
A procura por Deus em meio à vida cotidiana, com suas alegrias e tristezas, seus conflitos e conciliações, traz questionamentos sobre qual seria o lugar desse Deus na vida das pessoas, e qual seria o lugar das pessoas na vida (se é que se pode chamar assim) de Deus. E apesar de a religião demonstrada no filme ser a católica, não há nenhum direcionamento para essa doutrina. Cabe a cada um questionar-se dentro de suas próprias crenças.
Terrence Malick não criou um filme difícil de entender, mas um filme com múltiplas interpretações, que faz pensar e questionar. A beleza e a força das imagens convidam o espectador à contemplação – e é isso que nem sempre agrada, mas que encanta aqueles que se dispõem a tentar.
segunda-feira, 8 de agosto de 2011
Nada vai dar certo.
Ainda tentando superar a decepção de não encontrar Melancolia no circuito brasiliense de cinema (sem a Academia de tênis e sem o Embracine estamos mesmo perdidos) fui ao cinema. Impedida de chorar com Von Trier, resolvi rir com Hugo Carvana. Não se preocupe, nada vai dar certo é uma comédia que traz um pai e um filho atores, que viajam pelo Brasil fazendo a vida entre shows e armações.
Lalau Velasco (Gregório Duvivier) realiza um show de stand-up comedy em que o principal assunto é sua relação com o malandro ator Ramon Velasco (Tarcísio Meira), seu pai. O velho é um malandro carioca de primeira linha transplantado para o nordeste, com direito a terno branco e panamá. Ele usa seus talentos de ator para aplicar golpes e tem como bordão a máxima: “Não se preocupe, nada vai dar certo!” O maior de desejo de Ramon Velasco é voltar a atuar ao lado do filho, que por sua vez reluta em aceitar a idéia. É quando Lalau aceita fingir ser um famoso guru indiano por duas semanas que o desejo se realiza, mas na vida real e não nos palcos.
Nada vai dar certo: Tarcísio Meira e Gregório Duviver como pai e filho.
Não é uma comédia para rir do princípio ao fim. O ápice é a versão de Duviver do guru indiano Bob Savanandra, e os múltiplos papéis que Tarcísio Meira representa durante a farsa. O filme apresenta alguns problemas, como a cena totalmente descartável que mostra um Lalau criança observando o pai atuar, e a cena em que Ramon vai buscar o filho e com isso irrita Rosa (Mariana Rios), cena esta que poderia ter sido melhor trabalhada.
De um modo geral, é um filme colorido e divertido, mas que compartilha do mesmo defeito que as recentes produções com atores globais têm demonstrado: passa a estranha sensação de ser um especial de fim de ano da emissora.
sábado, 30 de julho de 2011
Mais do mesmo. De novo.
Essa onda de filmes de Super Heróis que começou com Spider Man em 2002, e seguiu com Batman Begins (2005) e Superman Returns (2006), já está começando a saturar. Os filmes são basicamente sempre os mesmos: um bom garoto descobre que tem (ou ganha) super-poderes e decide usá-los na luta contra o mal, vivendo seus dilemas pessoas no processo. Exceto, talvez, no caso do Batman e do Homem de Ferro, que não possuem super-poderes e não são totalmente bons meninos. Enfim, esses filmes têm toda a qualidade técnica de uma típica superprodução hollywoodiana, com efeitos especiais incríveis e lutas até a morte entre o bem e o mal, sempre com muitas explosões. Há também um romance complicado, ou impossível, que faz o herói sacrificar-se pela amada. Capitão América não foge à regra, e ainda vem com o adicional nacionalista estampado no nome e no uniforme.
Até mesmo quem não sabe nada sobre o Capitão – exatamente o meu caso – sabe pelo menos que foi um personagem criado durante a Segunda Guerra para exaltar a luta dos americanos contra o nazismo e para incentivar o patriotismo. Pela história original, logo após a guerra, o grande herói da nação é congelado, preservando-se para eventuais necessidades futuras. O filme volta à década de 1940 para mostrar como o franzino Steve Rogers (Chris Evans) tornou-se o musculoso e habilidoso Capitão América graças a uma experiência científica bem sucedida.
Capitão América, apenas mais um super-herói americano.
Após servir como garoto-propaganda do exército americano, Rogers finalmente consegue realizar seu sonho de lutar na linha de frente. Seu inimigo é Johann Schmidt (Hugo Weaving), o líder da Hidra, divisão nazista de ciência. A ambição de Schmidt por artefatos míticos remete o público imediatamente à série do arqueólogo Indiana Jones, cujos inimigos nazistas também buscavam poderes ocultos da antiguidade. Schmidt, transformado por uma experiência mal sucedida, torna-se o Caveira Vermelha, que como super-vilão sinceramente não assusta muito. Por mais que Hugo Weaving seja um ator habilidoso, é muito difícil não esperar que ele solte um “hello, mister Anderson” a qualquer momento. Infelizmente, o melhor papel que Weaving já fez foi sob uma máscara (V for Vendetta).
Peggy Carter (Hayley Atwell), par romântico de Rogers, personifica a mocinha durona e boa de briga, mas que não deixa o charme feminino de lado, que virou padrão no cinema atual. Percebe-se que ela simpatiza com o garoto frágil que quer ser um soldado, mas é quando ele se torna alto e musculoso que a tensão sexual entre os dois surge. Enquanto isso, Howard Stark (Dominic Cooper), pai de Tony Stark (aquele mesmo do Homem de Ferro), tem uma participação interessante como o gênio playboy parecidíssimo com o filho, mas com limitações tecnológicas muito maiores.
Capitão América é um filme visualmente bonito, com um roteirinho básico de bem versus mal, romance e algumas piadas. No fim, é apenas mais do mesmo. Serve como preparação para Os vingadores, a ser lançado em 2012, que vai unir Thor, Homem de Ferro, Viúva Negra, entre outros, ao Capitão. Ou seja, em 2012 tem mais filme de super-herói pela frente. Já dá pra ir imaginando o roteiro, não?
P.S.: Assim como em Homem de Ferro 2, em Capitão América também há uma cena pós-créditos, mas diferente do primeiro, no caso do segundo vale muito mais a pena esperar as letrinhas passarem para assistir.
quinta-feira, 28 de julho de 2011
O apaixonante cinema de Pedro Almodóvar.
Almodóvar é conhecido por seus enredos mirabolantes, em que as coisas mais absurdas acontecem com uma normalidade tranquila. Mas não é a vida, afinal, o maior dos absurdos? Sua paleta de cores, recheada com um vermelho intenso e com muito verde, também é sua marca registrada. Suas personagens são intensas, e muitas vezes parecem saídas de um melodrama dos anos 20. Vale a pena conferir.
A mostra vai até 14 de Agosto. Confira a programação completa no site do . CCBB
sexta-feira, 15 de julho de 2011
Tudo termina.
Sim, tenho várias ressalvas em relação a Relíquais da Morte parte II como fã, sendo a principal delas a duração curta do filme, mas prometo deixar as reclamações de fã de lado, já que este texto é, afinal, sobre cinema. Relíquias da Morte parte I já havia trazido à saga elementos cinematográficos muito mais sofisticados do que a rigidez hollywoodiana dos primeiros filmes, e isso é algo que a parte II não apenas continua, mas amplifica e intensifica – e nisso consiste seu grande mérito.
Harry, Rony e Hermione enfrentam sua última e mais difícil batalha.
O filme começa exatamente no ponto em que o anterior termina: Voldemort (Ralph Fiennes), tendo violado o túmulo de Dumbledore (Michael Gambon), apodera-se da Varinha das Varinhas, enquanto Harry (Daniel Hadcliffe) enterra Dobby (Toby Jones) nas proximidades do Chalé das Conchas. Quem esperava um flashback para dar uma refrescada na memória ficou desapontado. Essa, inclusive, é uma característica dos filmes da saga dirigidos por David Yates: ele não perde tempo com muitas explicações, o que me faz pensar que a parcela do público que não conhece os livros talvez não entenda tudo. Após se despedir de Dobby, Harry parte com Rony (Rupert Grint) e Hermione (Emma Watson) para o banco bruxo Gringotes, em busca de mais uma horcrux.
Hermione se transfigura em Bellatriz Lestrange, cena em que Helena Bonha Carter arranca risadas como a Hermione delicada e educada tentando agir como a bruxa arrogante e má que é Bellatriz. Após enfrentarem um tesouro que se multiplica, um dragão e uma dúzia de guardas, – que apesar dos costumes bruxos de usar capas, vestem-se com estranhos uniformes azuis de guardas de museu - Harry e seus amigos fogem montados no já mencionado dragão. Assim que pousam, eles decidem ir a Hogwarts.
Para não entrar em muitos detalhes sobre o enredo, Voldemort organiza um ataque à escola e logo os preparativos para a batalha começam. Aqui, o único comentário de fã que farei (juro): não achei compatível com a personagem da professora Minerva Mcgonagall (Maggie Smith) mandar os alunos da Sonserina para às masmorras na eminência de um ataque ao castelo. McGonagall, tanto nos livros quanto nos filmes, sempre colocou o bem-estar dos alunos em primeiro lugar, fossem quem fossem. Nesse ponto do filme, uma frase que comandasse os menores de idade a saírem em segurança e os maiores a escolher: sair, ou ficar e lutar, seria ao mesmo tempo mais adequada a personagem e seria um melhor indicativo do começo dos preparativos para a batalha.
McGonagall reforça as proteções de Hogwarts.
O exército de Voldemort se alinha em frente aos portões, e é imenso. Os defensores de Hogwarts são poucos, mas dedicados – e isso é o que conta mais, como destaca Arthur Weasley (Mark Williams). A batalha toma quase todo o tempo do filme, e os intervalos em meio à ação são tristes, marcados pela morte de personagens queridos e grandes descobertas por parte de Harry.
Relíquias da Morte parte II segue o tom sombrio da primeira parte. A fotografia é escura e os ambientes cinzentos. O 3D foi feito a partir da versão original em 2D, o que apresenta vantagens e desvantagens. A vantagem é que, não sendo um filme feito especialmente para ser exibido em 3D (além de ter sido pensado por um diretor maduro), não há efeitos de coisas saltando da tela em direção ao espectador a todo o tempo. A desvantagem é que o 3D escurece ainda mais a fotografia e gera o desconforto visual de “perder” as laterais da imagem, já bem conhecido do público que assiste a filmes com essa tecnologia. O grande mérito do diretor, David Yates, é inovar nos ângulos e movimentos de câmera. O plano detalhe dos olhos de Neville (Matthew Lewis) que vem logo após um plano médio de Hermione é particularmente interessante.
Harry enfrenta Voldemort pela última vez.
A leveza dos primeiros filmes é apagada de vez. A magia do desfecho de Harry Potter é escura e cruel, mas nunca sem esperança. Yates, contudo, imprime na tela imagens belíssimas, mesmo quando sombrias. O diretor transformou o que era uma bonita história infantil em A pedra filosofal em Cinema. Um êxito memorável, independente de qualquer chiação por parte dos fãs.
Não se pode falar de Relíquias da Morte parte II, contudo, sem dar o devido destaque ao personagem Severus Snape e a brilhante atuação de Alan Rickman. É ponto comum entre os críticos de cinema, tendo lido o livro ou não, que Snape revela-se como o personagem mais complexo de toda a série nesse último longa. Sim, Snape é isso e muito mais: é o personagem sem o qual nada teria sido possível, é o personagem que revela o cerne da história de Rowling: o amor como a força mais poderosa que existe. Mesmo antes de a verdade ser revelada, Rickman dá pistas da verdadeira natureza de Snape em sua atuação. Sua relutância em pedir aos alunos que entreguem Harry e seu receio de machucar McGonagall ao duelar com ela são indícios explícitos, apesar de sutis. Um paradoxo que o talento de Rickman torna possível.
Alan Rickman como Snape: o personagem mais surpreendente da série se revela.
Dez anos depois, a saga chega ao fim. Mais do que uma adaptação de oportunidade para atingir altos índices de bilheteria, porém, Harry Potter firmou-se como uma gigantesca realização cinematográfica. Uma história redonda, com personagens ricos e complexos, dentro de um universo cheio de detalhes e situações mirabolantes, mas verossímil, realizado sob as diferentes visões de quatro diretores e com os melhores recursos técnicos disponíveis. É esse conjunto, e não apenas o fervor dos fãs, que vai garantir que a história do menino que sobreviveu viva ainda por muitas décadas mais.
quinta-feira, 14 de julho de 2011
Ah, Paris!
Não conheço muito o trabalho de Woody Allen. Adorei Vicky, Cristina, Barcelona, mas ainda tenho que voltar à Annie Hall, que larguei pela metade quando os diálogos começaram a me cansar. Apesar disso, Meia-noite em Paris, mesmo ciente de todos os elogios recebidos em Cannes, me surpreendeu: é muito melhor do que eu imaginava.
Após uma longa sequência de imagens de Paris ao som de uma música instrumental que quase me fez deitar e dormir, o filme realmente começou e só que eu conseguia pensar era como aquele figurino de chemise com cinto caído deixava a Rachel McAdams gorda. Como sempre, o forte de Woody Allen são os diálogos, e o filme já começa massacrando o espectador com toneladas dele.
Gil (Owen Wison) com a noiva Inez (Rachel McAdams): um par nada perfeito.
A história fica mais interessante quando Paul (Michael Sheen), o amigo pedante de Inez aparece. À essa altura, sabemos que Inez (Rachel McAdams) é noiva de Gil (Owen Wilson), um roteirista de Hollywood e candidato a romancista, que vê Paris e a literatura com olhos românticos e despretensiosos. Enquanto Gil gostaria de ter vivido na Paris dos anos 1920, a ambição de Inez é uma vida moderna e prática em Malibu. Paul, por quem Inez admite ter tido uma “queda” nos tempos de faculdade, é um pseudo-intelectual que pensa ser seu dever dar verdadeiras palestras sobre tudo o que encontra, chegando inclusive a discutir com uma guia turística (Carla Bruni). Inez logo passa a aceitar a todos os convites de Paul, por quem Gil tem clara aversão, deixando o noivo sozinho para vagar pelas ruas de Paris. É justamente durante seu primeiro passeio noturno que o inusitado acontece.
Após ouvir um relógio badalar meia-noite, Gil vê um carro antigo se aproximar. Os ocupantes do carro o convidam a entrar e o levam a uma festa dos anos 1920. Lá, ele conhece Zelda e Scott Fitzgerald, e vê Cole Porter tocar ao piano. Ao ser levado a um bar onde conhece Ernest Hemingway, Gil percebe que está nos anos 20. Nas noites seguintes ele conhece Gertrude Stein, Pablo Picasso, Luis Buñuel e Man Ray. Conhece Também Adriana (Marion Cotillard), amante de Picasso por quem Gil se apaixona.
Gil divide-se entre o presente que vive durante o dia, tempo em que ele presencia sua noiva agindo como a patricinha egoísta e mimada que é, inclusive desprezando-o: “escute ao Paul, Gil, você talvez aprenda alguma coisa”; e o charme da Paris dos anos 20, pela qual ele passeia todas as noites, na companhia dos artistas mais proeminentes da época. Atraído pelo jeito doce e romântico de Adriana, e cego para a verdadeira personalidade de Inez, Gil fica indeciso. É somente quando ele volta mais ainda no tempo – para 1890 – com Adriana, que ele percebe o que tem que fazer.
Adriana (Marion Cotillard) caminha com Gil (Owen Wilson) pelas ruas da mágica Paris após a meia-noite.
Allen não explica em parte alguma do filme como essa “viagem no tempo” é possível, o que somente a torna mais interessante. No começo, o expectador fica em dúvida se Gil não estaria imaginando coisas, mas depois aceita-se que Gil visita os anos 20 porque sim, ponto. Qualquer tentativa de explicação apenas prejudicaria o filme.
Woody Allen não investe em planos incomuns ou movimentos de câmera mirabolantes. Em seus filmes, tudo gira em torno do diálogo, deixando os planos e movimentos bastante convencionais. Cabe à fotografia e à direção de arte tornar os quadros bonitos. A luz torna Paris ainda mais encantadora durante o dia, e mais glamorosa à noite. À recriação dos anos 1920 nos cenários e figurinos é primorosa.
Michael Sheen está ótimo como o pedante Paul, enquanto Rachel McAdams é bem sucedida em angariar a antipatia do público como a noiva chata. Marion Cotillard coloca toda a sua leveza e todo o romantismo de seus olhos à serviço de sua personagem sonhadora. Owen Wilson, por sua vez, parece imitar a atuação do diretor, Woody Allen, tanto no gestual quanto no modo de pronunciar as palavras. O que, a meu ver, não é algo necessariamente ruim, mas que talvez incomode a alguns Allen-maniácos.
Por fim, o filme que começou como uma ode à Paris estabelece sua temática como sendo um sentimento comum ao ser humano: o de que seríamos mais felizes em outra época. O presente, porém, é tudo o que temos, e o segredo da felicidade é fazer o melhor com o tempo que nos cabe. O romantismo, o glamour, também podem ser vistos no presente, basta a vontade de enxergar.
sexta-feira, 24 de junho de 2011
Fotos de O Hobbit caem na rede.
Martin Freeman como Bilbo Bolseiro.
fonte: http://www.totalfilm.com/
domingo, 19 de junho de 2011
Em DVD - Minha terra África
No começo, encontramos Maria caminhando por uma estrada de terra tentando voltar para casa, uma fazenda de café em um país africano que permanece sem identificação até o final. O filme é construído por uma série de flashbacks que contam a história de como a protagonista acabou nessa situação. A câmera na mão é muito utilizada, principalmente no início, em que o desespero de Maria por voltar a sua fazenda, a fuga de um grupo de rebeldes ante à aproximação do exército e a cena de um homem sufocando dentro de uma casa em chamas se alternam.
White Material: a luta contra a aceitação do fim.
No começo do flashback, Maria se depara com a deserção em massa dos trabalhadores de sua fazenda. A situação da região é muito perigosa devido às lutas dos rebeldes contra o exército. Como a colheita ainda não foi realizada, ela insiste em contratar novos trabalhadores. Seu ex-marido, que administra a fazenda junto com ela, faz preparativos para ir embora contra a sua vontade. Enquanto isso, ela tem de lidar com o sogro doente e com o filho problemático.
A insistência de Maria em manter a fazenda quando a situação evidentemente vai de mal a pior é angustiante. No início, ela parece imune ao que está acontecendo à sua volta e suas atitudes indicam que ela está em um processo de negação. Seu casamento não deu certo e seu filho só sai da cama pouco antes de se tornar um homem perigoso, violento e aliado aos rebeldes. A fazenda, então, é tudo o que lhe resta para manter um mínimo de normalidade em sua vida e ela custa a aceitar que isto também está perdido.
A guerra civil, os conflitos étnicos e a situação dos países africanos são temas mais do que secundários. O filme é essencialmente a história de uma mulher lutando contra o fim de um projeto de vida. E nada mais.