No começo, encontramos Maria caminhando por uma estrada de terra tentando voltar para casa, uma fazenda de café em um país africano que permanece sem identificação até o final. O filme é construído por uma série de flashbacks que contam a história de como a protagonista acabou nessa situação. A câmera na mão é muito utilizada, principalmente no início, em que o desespero de Maria por voltar a sua fazenda, a fuga de um grupo de rebeldes ante à aproximação do exército e a cena de um homem sufocando dentro de uma casa em chamas se alternam.

No começo do flashback, Maria se depara com a deserção em massa dos trabalhadores de sua fazenda. A situação da região é muito perigosa devido às lutas dos rebeldes contra o exército. Como a colheita ainda não foi realizada, ela insiste em contratar novos trabalhadores. Seu ex-marido, que administra a fazenda junto com ela, faz preparativos para ir embora contra a sua vontade. Enquanto isso, ela tem de lidar com o sogro doente e com o filho problemático.
A insistência de Maria em manter a fazenda quando a situação evidentemente vai de mal a pior é angustiante. No início, ela parece imune ao que está acontecendo à sua volta e suas atitudes indicam que ela está em um processo de negação. Seu casamento não deu certo e seu filho só sai da cama pouco antes de se tornar um homem perigoso, violento e aliado aos rebeldes. A fazenda, então, é tudo o que lhe resta para manter um mínimo de normalidade em sua vida e ela custa a aceitar que isto também está perdido.
A guerra civil, os conflitos étnicos e a situação dos países africanos são temas mais do que secundários. O filme é essencialmente a história de uma mulher lutando contra o fim de um projeto de vida. E nada mais.
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