Categorias em que concorre:
Melhor Filme, Ator Coadjuvante, Roteiro Adaptado, Edição, Edição de Som,
Mixagem de Som.
Baseado em uma história real, Capitão
Phillips (Captain Phillips) narra a abordagem de um navio cargueiro
americano por um grupo de piratas somalis.
A primeira hora do longa lembra A raposa do mar (The Enemy Below), filme
de 1957, que narra a perseguição de um navio americano a um submarino alemão
durante a Segunda Guerra Mundial. O jogo
de caça e fuga entre os dois se transforma rapidamente em um jogo de xadrez náutico
em que o capitão do navio americano e capitão do submarino alemão realizam
movimentos estratégicos de perseguição e evasão cada vez mais complexos, um ganhando
o respeito do outro por sua inteligência tática.
Em Capitão Phillips, enquanto os piratas somalis tentam se aproximar
do cargueiro americano, ambos os capitães iniciam manobras de perseguição e
evasão. Ao abordar o navio, o capitão somali, Muse (Barkhad Abdi), se depara
com a astúcia do capitão americano, o Phillips do título (Tom Hanks). A
esperança de que se desenrole um jogo de inteligência à semelhança de A raposa do mar logo morre. Afinal,
trata-se de um filme em que o bom e o mal são claramente delineados e
personificados. É de Tom Hanks como herói do filme que estamos falando; de um
grupo de civis desarmados atacado por um grupo de bandidos munidos de fuzis. Apesar
disso, existe a relação de respeito entre os dois capitães, Muse e Phillips. Respeito
entre dois homens no comando, responsáveis por seu barco e seus homens,
qualquer que seja a embarcação e a finalidade.
O “lado” dos somalis não é
negligenciado. Na abertura do filme conhecemos o que os move à pirataria:
senhores de guerra intimidam os homens de um pequeno vilarejo à beira-mar,
demandando o dinheiro dos navios que passam pela costa do país. Preocupados e
tensos, eles partem ao oceano armados e mascando Khat, uma planta que produz efeitos
estimulantes semelhantes à anfetamina. Em tal estado de nervos e desespero,
eles muitas vezes não tomam decisões sensatas.
Barkhad Abdi em cena de Capitão Phillips |
A supremacia tecnológica e
militar dos Estados Unidos fica em evidência. A direção firme de Paul
Greengrass, contudo, consegue retratar os piratas somalis mais do que como
simples bandidos, mas sem cair no simplismo de colocá-los como coitados
obrigados a roubar. A hesitação do capitão Muse, muito bem interpretado pelo
candidato ao Oscar Barkhad Abdi, demonstra que ele não gosta de fazer o que
faz, apesar de tentar se mostrar duro e inabalável perante seus subordinados.
A edição de vídeo e o trabalho
com o som conduzem o suspense e mantém a tensão no filme de forma competente. Apesar
de suas mais de duas horas de duração, o filme não se mostra excessivamente
longo ou cansativo, pelo contrário, é tenso e emocionante na medida certa.
Categorias em que tem mais chance: nenhuma qualidade de Capitão Phillips parece ser suficiente
para fazê-lo se destacar nas categorias em que concorre. A atuação de Barkhad
Abdi, apesar de boa, tem concorrentes muito fortes, como Jonah Hill, em O Lobo
de Wall Street, e Jared Leto, em Clube
de Compras Dallas, somente para citar alguns. A chance de que o filme saia
do Dolby Theatre sem prêmios hoje a noite é muito alta.
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