domingo, 2 de março de 2014

Aquecimento pré-Oscar - Capitão Phillips (Captain Phillips)


Categorias em que concorre: Melhor Filme, Ator Coadjuvante, Roteiro Adaptado, Edição, Edição de Som, Mixagem de Som.

Baseado em uma história real, Capitão Phillips (Captain Phillips) narra a abordagem de um navio cargueiro americano por um grupo de piratas somalis.

A primeira hora do longa lembra A raposa do mar (The Enemy Below), filme de 1957, que narra a perseguição de um navio americano a um submarino alemão durante a Segunda Guerra  Mundial. O jogo de caça e fuga entre os dois se transforma rapidamente em um jogo de xadrez náutico em que o capitão do navio americano e capitão do submarino alemão realizam movimentos estratégicos de perseguição e evasão cada vez mais complexos, um ganhando o respeito do outro por sua inteligência tática.

Em Capitão Phillips, enquanto os piratas somalis tentam se aproximar do cargueiro americano, ambos os capitães iniciam manobras de perseguição e evasão. Ao abordar o navio, o capitão somali, Muse (Barkhad Abdi), se depara com a astúcia do capitão americano, o Phillips do título (Tom Hanks). A esperança de que se desenrole um jogo de inteligência à semelhança de A raposa do mar logo morre. Afinal, trata-se de um filme em que o bom e o mal são claramente delineados e personificados. É de Tom Hanks como herói do filme que estamos falando; de um grupo de civis desarmados atacado por um grupo de bandidos munidos de fuzis. Apesar disso, existe a relação de respeito entre os dois capitães, Muse e Phillips. Respeito entre dois homens no comando, responsáveis por seu barco e seus homens, qualquer que seja a embarcação e a finalidade.

O “lado” dos somalis não é negligenciado. Na abertura do filme conhecemos o que os move à pirataria: senhores de guerra intimidam os homens de um pequeno vilarejo à beira-mar, demandando o dinheiro dos navios que passam pela costa do país. Preocupados e tensos, eles partem ao oceano armados e mascando Khat, uma planta que produz efeitos estimulantes semelhantes à anfetamina. Em tal estado de nervos e desespero, eles muitas vezes não tomam decisões sensatas.

Barkhad Abdi em cena de Capitão Phillips

A supremacia tecnológica e militar dos Estados Unidos fica em evidência. A direção firme de Paul Greengrass, contudo, consegue retratar os piratas somalis mais do que como simples bandidos, mas sem cair no simplismo de colocá-los como coitados obrigados a roubar. A hesitação do capitão Muse, muito bem interpretado pelo candidato ao Oscar Barkhad Abdi, demonstra que ele não gosta de fazer o que faz, apesar de tentar se mostrar duro e inabalável perante seus subordinados.

A edição de vídeo e o trabalho com o som conduzem o suspense e mantém a tensão no filme de forma competente. Apesar de suas mais de duas horas de duração, o filme não se mostra excessivamente longo ou cansativo, pelo contrário, é tenso e emocionante na medida certa.

Categorias em que tem mais chance: nenhuma qualidade de Capitão Phillips parece ser suficiente para fazê-lo se destacar nas categorias em que concorre. A atuação de Barkhad Abdi, apesar de boa, tem concorrentes muito fortes, como Jonah Hill, em O Lobo de Wall Street, e Jared Leto, em Clube de Compras Dallas, somente para citar alguns. A chance de que o filme saia do Dolby Theatre sem prêmios hoje a noite é muito alta. 

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