Em 1958, Truman Capote publicou Breakfast at Tiffany’s, que no Brasil ficou sendo Ao começo do dia. Atualmente, devido ao sucesso da adaptação cinematográfica de 1961, é possível encontrar o livro como homônimo da tradução do filme, Bonequinha de Luxo. É um livro bem pequeno, que nos apresenta Holly Golightly exatamente como vemos no filme: alegre, despreocupada e meio destrambelhada. O que o cinema fez, contudo, foi suavizar os aspectos que indicam que Holly é, na verdade, uma garota de programa.
No filme, é revelado que ela sobrevive saindo para jantar com cavalheiros e pedindo cinqüenta dólares para ir ao toalete – mais cinqüenta para o táxi. Já no livro, ela faz as suas contas e revela já ter tido pelo menos onze amantes. Não que isso a torne menos graciosa e cativante. Truman Capote escreve tudo com leveza, e é impossível não se juntar ao grupo de apaixonados por Holly Golightly.
Quanto a sua relação com o homem que no filme é Paul Varjak (George Peppard), mas no livro é apenas chamado de Fred por Holly – a história é narrada em primeira pessoa por ele, há algumas diferenças. Fred escreve em seu relato estar apaixonado por Holly,mas nenhum romance realmente existe entre os dois, e é possível perceber que o sentimento do rapaz é de um amor mais fraternal. Já me disseram que ele era, na verdade, gay, mas eu não encontrei nenhuma evidência óbvia desse fato na ficção. No longa, Paul e Holly se apaixonam, e Hepburn e Peppard protagonizam uma das cenas românticas mais bonitas da história do cinema.
Garota de programa ou não, a graça e a leveza da personagem envolvem tanto a quem lê sobre ela quanto a quem assiste a brilhante interpretação de Hepburn. É impossível pensar em outra atriz que faria uma Holly Golightly tão perfeita. E com o tempo, Audrey e Holly tornaram-se quase a mesma pessoa. A imagem da atriz na pele da personagem se fixou tão fortemente na cultura pop que muitos a admiram sem nem ao menos conhecerem a sua história. O que não é difícil, pois é uma imagem que transmite glamour e luxo, e que, somada a tradução em português do título, só pode gerar interpretações equivocadas.

Tenho certeza de que a popularização da imagem de Audrey como Holly começou devido ao sucesso do filme. E perpetuou-se pelo estilo transgressor da personagem. No passado, admirar Holly Golightly era admirar um estilo de vida boêmio, alternativo, era levantar-se contra a moral familiar tradicional. Mas o tempo passou, a foto ficou e a história por trás dela, em grande parte, se perdeu. Hoje não passa de uma garota bonita com uma gargantilha de pérolas e aparência de rica e mimada.
Eu amo Holly Golightly. Tanto a Holly do livro quanto a Holly do filme, mas fico imaginando se as adolescentes que atualmente se dizem “bonequinhas de luxo” realmente gostariam de viver aquele estilo de vida, se sabem o que a personagem representa – ou deveria representar. A imagem desvinculada da história fez dela quase um mito, mas a admiração sem o véu da ignorância é sempre mais sincera. E as pessoas deveriam conhecer de verdade o que admiram.
Essa história é tão linda (L)
ResponderExcluirConcordo plenamente, as pessoas não sabem o contexto e admiram apenas pela estética né? Não acho tão válido...
o que acontece com as pin ups também. É triste.
Adoro a Audrey :D