Sim, é claro que ver todos aqueles nazistas apanhando de judeus é uma experiência altamente catártica, mas o filme não vai muito além disso. Longe de mim querer criticar Tarantino, que é um dos meus diretores favoritos, e não estou dizendo que o filme é ruim, muito pelo contrário. Minha única intenção aqui é destacar o fato de que o filme é supervalorizado, porque Tarantino já fez sim, coisa muito melhor.

Pra começar, é de conhecimento geral que Tarantino adora homenagear outros diretores em seus filmes, e o escolhido da vez foi Sergio Leone. Esse diretor é famoso por seus filmes tipo “western spaghetti”, com longos planos gerais de paisagens, além da ênfase nos olhares das personagens, segurando a tensão ao máximo. A parte mais óbvia em que Tarantino segue esse estilo é na cena de abertura, em que o Coronel Landa visita o Sr. LaPadite. Nela, vê-se a comitiva alemã surgindo ao longe e se aproximando da casa, enquanto, pela expressão do proprietário, o espectador percebe que aquela visita não lhe será agradável. A cena do encontro dos Bastardos com a espiã alemã na tarverna é outro bom exemplo. A troca de olhares entre as personagens quando a situação fica tensa lembra muito a cena final de Três homens em conflito (The good, the bad and the ugly). Só que Leone conseguia fazer com que a combinação entre planos e trilha sonora gerasse um clima de tensão, enquanto que, em Bastardos, Tarantino às vezes erra a mão e deixa a coisa toda meio cansativa. MAS, você me diria, a trilha dos dois filmes foi composta pela mesma pessoa, Ennio Morricone. Então como pôde dar errado? Eu não sei. Só o que sei é que, em alguns momentos, deu. Em alguns momentos essa homenagem à Leone me parece mais uma falta de identidade própria de Tarantino. Devo confessar que a mistura de estilos entre “western spaghetti” e filme de II Guerra Mundial é uma idéia muito interessante, mas simplesmente não funciona o tempo todo.

Outra questão é o elenco do filme. Christoph Waltz como Coronel Hans Landa é mais do que genial, mas Brad Pitt pode não ter sido a melhor das escolhas. Ele é famoso demais, e a atração de ver Brad Pitt com sotaque texano torna-se maior do que o envolvimento do público com um personagem tão pitoresco. Que, para falar a verdade, é do Tennessee.
Enfim, não estou dizendo – repito – que o filme é ruim. Só o que eu quero dizer é: parem de superestimá-lo! Pulp Fiction, por exemplo, é um filme muito melhor. Se você quer ser fã do Tarantino e idolatrá-lo por alguma coisa, que seja por Pulp Fiction, não por Bastardos. E o motivo é bem básico: em Pulp Fiction a personalidade do diretor marca forte presença em todas as cenas. O filme surpreende, você nunca sabe o que virá a seguir, nunca pode imaginar qual pensamento surreal sairá da boca de um daqueles personagens tão estranhos e ao mesmo tempo tão reais. John Travolta dançando com Uma Thurman e depois tendo conversas absurdas com Samuel L Jackson são cenas que valem mais do que qualquer coisa que acontece em Bastardos. Até mesmo a atuação de Christoph Waltz.

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