Andrew Garfield e Emma Stone retornam como Peter Parker e Gwen Stacy no
Blockbuster de verão que dá seqüência
à franquia reiniciada em 2012.
Em meados de Maio a indústria
cinematográfica entra no período dos lançamentos de verão, de acordo com o
calendário dos EUA, em que os principais filmes de alto orçamento dos grandes
estúdios são lançados. O formato é o mais formulaico possível: filmes com ação,
comédia e romance na medida certa, e classificação indicativa livre para atrair
desde crianças até adolescentes e seus pais.
Seguindo esse formato, O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de
Eletro busca obter a mesma aprovação da crítica e o mesmo sucesso nas
bilheterias de seu precedente. Por enquanto, tem falhado na missão. Após uma
abertura razoável, o filme sofreu com uma queda severa de público no mercado
americano entre a primeira e segunda semana de exibição, e os números
internacionais, apesar de nada desprezíveis, não correspondem às expectativas.
A crítica também não tem sido amigável com
Peter Parker e Cia., o Rotten Tomatoes, por exemplo, calculou apenas 53%
avaliações positivas entre seus críticos gerais, contra os 73% do original. Resta
investigar se as avaliações negativas se fundamentam em avaliações técnicas, ou
gostos pessoais.
Andrew Garfield e Emma Stone retornam como Peter Parker e Gwen Stacy. |
Efeitos especiais e clichês
Um clichê não é algo
necessariamente ruim. Quando algo se torna clichê – seja uma cena no roteiro,
um tipo de enquadramento ou um determinado efeito especial, - significa que deu
certo mais de uma vez e que pode dar certo novamente, se bem utilizado. O
problema começa quando um roteiro se apóia tanto em clichês que a história fica
pesada e cansativa.
Os problemas de roteiro são denunciados
logo no início do filme. Após uma seqüência de ação que revela os últimos
momentos do desaparecido casal Parker - e em que Richard Parker (Campbell
Scott) se mostra mais próximo de um Rambo do que de um cientista -, encontramos
Peter como Homem-Aranha perseguindo bandidos pelas ruas de Nova Iorque. Ouve-se
o rádio da polícia, que informa que os bandidos estão tentando roubar uma carga
de plutônio radioativo. Está armado o terreno para o primeiro grande deslize do
roteiro. Ao abrirem o compartimento onde estão armazenadas dezenas de cápsulas
do tal plutônio radioativo, os bandidos (e consequentemente a platéia) são
alertados por uma voz feminina vinda da máquina de que “o plutônio radioativo é
altamente explosivo”. É evidente que as múltiplas cápsulas explosivas se
transformarão em um desafio para o nosso herói, mas essa não é a questão. A
questão é que uma das regras básicas de um bom roteiro é que tudo o que puder
ser mostrado, ao invés de narrado, é mais eficiente, e a dupla informação,
tanto o rádio da polícia quanto a voz do controle de segurança, acabam sendo
cansativas e supérfluas.
A conclusão da cena não melhora a
situação. Aparentemente, todas as viaturas da polícia estão em perseguição aos
bandidos, e quando os primeiros da fila freiam, os que vêm atrás batem uns nos
outros, ou seja, mais um clichê que já perdeu a graça. Estes são apenas alguns
detalhes que denunciam um roteiro que não fornece um desenvolvimento
satisfatório tanto para os dois vilões, Eletro (Jamie Foxx) e Duende Verde
(Dane DeHaan), quanto para os heróis. Tia May (Sally Field), coitada, parece
que foi jogada no filme de qualquer jeito somente para cumprir tabela.
Os efeitos especiais do filme são
incríveis, mas é decepcionante que não haja um equilíbrio entre empolgantes cenas
de ação e um bom roteiro, como outros filmes de super-heróis já conseguiram
alcançar, mas esse Homem-Aranha
deixou – e muito – a desejar.