Com diálogos pobres e uma total
falta de sutileza, 300: a Ascensão de um
Império (300: Rise of an Empire) diminui
a atratividade da estética de história em quadrinhos que caracterizou o original,
e reduz a franquia a mais uma desculpa para se abusar de efeitos especiais e
cenas de luta inacreditáveis.
Com a oportunidade de assistir à
projeção em Imax 3D, rumei ao cinema com a esperança de ver algo que me
empolgasse tanto quanto o 300
original. Quando as expectativas são grandes, a decepção é quase garantida. O problema
de 300: a Ascensão de um Império é
que ele é capaz de decepcionar até a mais rasa das expectativas.
O filme começa narrando a história
da batalha de Maratona, em que o ateniense Themistokles (Sullivan Stapleton)
consegue ferir mortalmente o rei persa Darius (Igal Naor), encerrando a
tentativa de invasão da Grécia e se tornando um herói. Dez anos depois, Xerxes
(Rodrigo Santoro), filho de Darius, retoma a ofensiva persa sobre os gregos.
Themistokles se sente responsável por ter incitado o desejo de vingança de
Xerxes e não mede esforços para barrá-lo. O que o herói grego ainda irá
descobrir é que a verdadeira ira contra a Grécia não vem de Xerxes, mas sim de
Artemisia (Eva Green), a comandante da poderosa marinha Persa.
Eva Green como Artemisia |
300: a Ascensão de um Império narra o lado ateniense da história,
enquanto Leônidas luta nas Termópilas com seus homens. A situação política na Grécia e os conflitos
entre as cidades-estados que impediam a união do país não é satisfatoriamente
explorada. Os poucos diálogos são fracos e as cenas de reuniões dos líderes
políticos, sem sentido. Ao invés de construir uma tensão crescente, o filme
parte direto para a ação, intercalada por uma ou outra cena sem batalhas ou lutas,
gerando um ritmo de picos e quedas de excitação constantes, algo que tira ênfase
do clímax, deixando-o tão morno quanto o resto.
Os efeitos especiais são
interessantes, e como minha primeira experiência em Imax, não deixou a desejar.
O esplendor e excentricidade do Império Persa, mais explorados no primeiro filme,
poderiam ter sido mais caprichados no segundo, já que agora não vemos apenas
seu acampamento, mas sua capital e palácio.
Enquanto Themistokles, apesar de
engenhoso e excelente estrategista, é pobre em carisma, Eva Green rouba a cena
como Artemisia. Vingativa e cruel, ela vive no limite da loucura, e desde sua
primeira aparição já deixa o espectador com vontade de ver mais. É uma vilã de
respeito, e com a qual se corre o risco de simpatizar ainda mais do que com os
heróis.