Neste último dia de 2011, nada melhor (nem mais clichê) do
que fazer uma retrospectiva cinematográfica do ano que passou. Sem enrolar muito,
aí vai uma lista sintética com cinco filmes que marcaram 2011.
Cisne Negro
Oficialmente lançado em 2010, só chegou aos cinemas
brasileiros em 2011, por isso entra com louvor na minha listinha. Cisne Negro rendeu à Natalie Portman o
Oscar de melhor atriz e se tornou um dos maiores fenômenos do cinema recente.
Dirigido por Darren Aronofsky ,
o suspense ganhou uma legião de fãs, mas apesar de toda a torcida, acabou sem o
Oscar de melhor filme.
Na trama, Portman é Nina Sayers, uma bailarina doce e
dedicada, mas insegura. Vivendo com a mãe, um ex-bailarina exigente e
controladora, ela muitas vezes parece uma criança sem livre arbítrio ou mesmo
vontade própria. Até mesmo seu grande sonho de ser a primeira bailarina da
companhia por vezes nem parece mesmo seu. Quando é escolhida para o papel
principal de uma nova montagem de O Lago dos Cisnes, Nina se mostra perfeita
para interpretar o meigo cisne branco, mas tem dificuldade em incorporar o
malicioso cisne negro. Seu esforço para encontrar o personagem dentro de si
acaba por desencadear uma transformação muito mais profunda.
Harry Potter e as
Relíquias da Morte Parte II
O tão esperado fim da saga Harry Potter chegou em 2011.
Durante dez anos, vimos os atores crescerem e se superarem, vimos a trama
evoluir até atingir seu ápice final. E que final! Dirigido com equilíbrio por David Yates, o
filme traz efeitos especiais incríveis, mas utilizados na medida certa,
deixando o desenvolvimento da história em destaque.
Para encerrar a luta contra Lord Voldemort (Ralph Fiennes),
Harry (Daniel Radcliffe) precisa terminar a tarefa de destruir as horcruxes. Quando
a última horcrux ao alcance é localizada em Hogwarts, uma batalha decisiva se
arma.
Vale a pena aproveitar o tempo extra das férias e o
lançamento do DVD para fazer uma maratona de Relíquias da Morte partes 1 e 2.
Ou uma maratona com os oito filmes da série, no caso dos pottermaniácos.
Meia noite em Paris
Woody Allen conta uma história leve e divertida, com todo o
charme da Paris atual e da Paris de 1920. Owen Wilson é Gil, um roteirista bem
sucedido de Hollywood que aspira uma carreira como romancista. Controlado pela noiva Inez (Rachel McAdams),
que muitas vezes o subestima e o diminui, Gil passa a dar longas caminhadas
noturnas por Paris, cidade que adora e idealiza. É durante essas caminhadas que
um encontro inusitado acontece, levando-o a questionar tanto a sua obra como
escritor quanto seu relacionamento.
A avalanche de diálogos que caracteriza a obra de Woody
Allen está presente em Meia noite em Paris,
o que às vezes pode ser um pouco maçante, mas as situações engraçadas os
superam em número e de brinde ainda trazem algo sobre o que pensar. A
fotografia é um charme e Owen Wilson, por mais incrível que pareça, agrada com
sua interpretação/imitação do personagem neurótico típico de Woody Allen.
A árvore da vida
Grandioso e deslumbrante, A Árvore da Vida convida à contemplar, sentir, refletir. Vencedor
da Palma de Ouro em Cannes, o filme traz Brad Pitt no papel de um pai exigente
e controlador, que às vezes exagera nas punições, tentando ensinar os três
filhos a serem fortes para enfrentar o mundo. As contradições da figura paterna
são percebidas pelo olhar do filho mais velho, que detecta incoerências entre o
comportamento que ele exige dos filhos e as atitudes que demonstra.
As imagens exploradas pelo diretor Terrence Malick são belas
e impactantes, acompanhadas por uma trilha sonora poderosa, movem emoções e
pensamentos. E o mais interessante: cada um extrai do filme uma lição
individual.
A pele que habito
Almodóvar surpreendeu a todos com esse suspense intenso e
marcante. Diferente de tudo o que já fez antes, A pele que habito marca uma nova etapa na obra do cineasta, que
deixou um pouco de lado as cores extravagantes e a tragicomédia para abraçar um
tom mais sóbrio e sombrio, mas sem abandonar o gosto por tramas mirabolantes
com viradas inesperadas.
A performance de Antonio Banderas como o cirurgião plástico
Robert Ladgard é certamente uma das melhores de sua carreira, e a bela Elena
Anaya interpreta brilhantemente Vera, uma paciente misteriosa que o médico
mantém aprisionada em sua mansão/clínica. A ligação entre Robert e Vera vai
sendo revelada ao público aos poucos, com flashbacks que a princípio parecem
desconexos, mas que ao final formam uma imagem única e perturbadora.